Trump esquece "arte da negociação" com Brasil
Presidente americano reduziu tarifas de produtos brasileiros como café, carne e cacau sem exigir nada em troca
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (foto), anunciou na quinta, 20, a retirada da tarifa extra de 40% sobre alguns produtos brasileiros, como café, carne, açaí, cacau, frutas, vegetais e nozes.
Ao todo são 249 itens acrescentados à lista de exceções do tarifaço aplicado ao Brasil.
A notícia foi comemorada pelo governo Lula, principalmente porque Trump aliviou a situação do Brasil sem exigir contrapartidas.
A tal "arte da negociação", expressão que virou título da biografia de Trump, não apareceu.
A propaganda em volta de Trump é que ele começa uma negociação pedindo coisas absurdas só para arrancar concessões do outro lado.
Na disputa tarifária com o Brasil, o americano até começou extrapolando. Botou o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) no meio da equação.
Investigações do Departamento de Comércio sobre desmatamento ilegal, contrabando, censura nas redes sociais e monopólio do Pix também foram iniciadas.
Para os negociadores brasileiros que encararam a tarefa de falar com seus pares em Washington, esse parecia um imbróglio difícil de resolver.
Mas Trump acabou cedendo, sem que o Brasil fizesse qualquer coisa.
Não foi preciso entregar minerais de terras raras para empresas americanas.
O governo não se comprometeu a parar de tentar penalizar as companhias de tecnologia, as big techs.
O Brasil não baixou impostos do etanol de milho americano.
E nem se comprometeu a comprar mais produtos dos Estados Unidos.
A redução tarifária de produtos exportados do Brasil nesta semana veio totalmente de graça.
Economia e eleições
Pesou na conta do presidente americano a inflação de produtos nos supermercados e os resultados ruins dos republicanos nas últimas eleições.
Os preços do café e da carne moída nos EUA subiram 30% e 15%, respectivamente, entre janeiro e setembro de 2025.
A inflação dos últimos doze meses subiu para 3%, o que afetou a aprovação do governo americano.
Trump foi eleito no ano passado com a promessa de reduzir a inflação, mas até agora não conseguiu melhor a sensação dos americanos de que o custo de vida aumentou.
Com eleições legislativas marcadas para o ano que vem, Trump tem sido pressionado a melhorar a situação econômica do país para evitar que o eleitorado se incline para o Partido Democrata.
As negociações entre Estados Unidos e Brasil vão seguir.
Mas, com os americanos fazendo concessões sem pedir nada em troca, eles perdem poder para cobrar mais do Brasil.
Leia em O Antagonista: Trump faz bolsonaristas de trouxas
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