Prisão de Vorcaro levanta perguntas sobre BRB
Por que um banco estatal do Distrito Federal tinha interesse em uma instituição privada, que oito meses depois foi liquidada?
A Polícia Federal prendeu Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, na segunda, 17, quando ele estava no aeroporto de Guarulhos, preparando-se para fugir do país em um avião particular para a ilha de Malta, no Mediterrâneo.
O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master nesta terça, 18.
Esses acontecimentos recentes não surpreenderam o mercado, pois a trajetória do Banco Master era vista com desconfiança desde o começo.
A instituição passou quatro anos captando dinheiro de milhões de brasileiros oferecendo juros irreais e usando os valores em operações suspeitas ou extremamente arriscadas.
Nunca teve como dar certo.
Leia em Crusoé: Encrenca Master
Agora que a história entra em seu capítulo final, é hora de fazer algumas perguntas indigestas.
Por que o BRB queria comprar o Banco Master?
O BRB é um banco estatal do Distrito Federal, que sofre a influência política do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha.
Foi Ibaneis quem indicou Paulo Henrique Costa (foto) para a presidência do BRB, em 2019.
Paulo Henrique Costa foi afastado do cargo por decisão judicial nesta terça. Ele está nos Estados Unidos.
O interesse de compra do Master pelo BRB foi divulgado em março deste ano. A aquisição foi aprovada pelo conselho de administração do BRB.
Oito meses depois, a liquidação do banco foi decretada e o seu presidente foi preso.
Os problemas do Master já não estavam evidentes desde março?
O que motivou os executivos do BRB e autoridades do Distrito Federal a seguirem adiante com a compra do Master?
Congresso
A negociação para a compra também movimentou vários políticos graúdos em Brasília.
Como o Banco Central ameaçava não aprovar a operação, parlamentares do Centrão subscreveram um requerimento de urgência para pressionar o BC, em setembro.
O projeto de lei permitiria ao Congresso destituir presidentes e diretores do BC.
Mais de 300 deputados do PP, MDB, PL, PSB e Republicanos assinaram o requerimento, relatado por Cláudio Cajado, do PP.
Como explicar tamanha movimentação parlamentar em nome dessa causa?
As perguntas são muitas, e a investigação da Polícia Federal poderá responder muitas delas ao longo do tempo.
Mas há outra questão, que não tem a ver com condução do Banco Master, e sim com o funcionamento dos escritórios de advocacia em Brasília.
Quando estava negociando a compra do Master, o BRB contratou o escritório de Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A questão aí é por que, entre os mais de 100 mil escritórios de advocacia do Brasil, o Banco Master foi escolher justamente o da esposa de Alexandre de Moraes?
Essa é uma indagação para ser feita não só para esse caso específico, mas para qualquer caso de direito privado no Brasil.
Afinal, em que situação uma empresa decide contratar o escritório da esposa de um ministro do STF?
O caso do Banco Master é um suquinho azedo de Brasil.
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Comentários (3)
Clayton De Souza pontes
2025-11-18 11:58:51Sabia que tinha caroço nesse angu. Agora basta seguir a grana pra encontrar os envolvidos, até que algum iluminado do STF anule as provas
MARCOS
2025-11-18 11:21:11CAMBADA DE POLÍTICOS LADRÕES, SAFADOS, PILANTRAS. POBRE BURRO POVO BRASILEIRO QUE ACREDITA E VOTA NESSES CANALHAS.
MARCOS
2025-11-18 11:19:32PORQUÊ??? PARA ROUBAR DO OTÁRIO.