Deputado quer convocar Padilha para explicar problema na gestão de vacinas
Segundo a CGU, foram desperdiçados 2,3 bilhões de reais em vacinas, medicamentos e outros insumos do SUS entre 2021 e 2023
O deputado Evair de Melo (PP-ES) protocolou na sexta-feira, 14, na Câmara, um requerimento de convocação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para prestar esclarecimentos sobre perdas de insumos, falhas de planejamento, superdimensionamento de compras e problemas estruturais na gestão de vacinas, medicamentos e testes de covid-19 pela pasta.
O parlamentar argumenta que relatórios recentes da Controladoria-Geral da União (CGU) revelam cenário "extremamente preocupante" na gestão de insumos do ministério.
"Entre 2021 e 2023, foram desperdiçados 2,3 bilhões de reais em vacinas, medicamentos e demais insumos do SUS, todos incinerados após o vencimento do prazo de validade. Trata-se de prejuízo financeiro histórico, que comprometeu a efetividade das políticas públicas e a oferta de serviços essenciais à população".
O parlamentar, que é vice-líder da oposição, prossegue: "Do total, mais de 2 bilhões de reais (89,7%) se referem a insumos requisitados para a pandemia. Esse valor inclui 1,5 bilhão de reais em vacinas contra a Covid, outros 317,2 milhões de reais em anestésicos, medicamentos e insumos para intubação e mais 179,9 milhões de reais em roupas de proteção e máscaras".
Evair ressalta ainda que as auditorias da CGU encontraram seis falhas estruturais graves. Entre elas, inexistência de parâmetros aceitáveis de perdas, fragilidades nos sistemas informatizados de controle de estoque, descumprimento de requisitos de portaria de 2022 do Ministério da Saúde e deficiências logísticas que levaram ao recebimento de insumos com validade inferior a 70% da vida útil.
"Essas falhas, somadas, criaram ambiente propício à perda sistemática de medicamentos e vacinas. Ademais, a CGU apontou que o Ministério da Saúde tentou adquirir 90 milhões de testes de Covid-19 em 2024, número superdimensionado e desconectado da demanda real. Somente após intervenção da própria Controladoria o volume foi reduzido para 73 milhões, evitando risco de novo desperdício de grande magnitude".
Em março, Crusoé mostrou que o Ministério da Saúde incinerou 56,5 milhões de doses de vacinas no período de 2023 a 2024, os dois primeiros anos do governo Lula (PT). Os imunizantes custaram 1,5 bilhão de reais aos cofres públicos. A quantidade descartada na gestão petista foi 18,5% maior que a de três anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os dados são do Departamento de Logística em Saúde do ministério e foram obtidos pela reportagem via Lei de Acesso à Informação (LAI).
O requerimento de convocação de Padilha ainda precisa ser votado pelo plenário da Câmara. Se for aprovado, o ministro é obrigado a comparecer para prestar os esclarecimentos.
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