Povo encabrestado foge do controle na COP30
Guilherme Boulos prometeu "uma das COPs com maior participação popular da história", mas só aceita quem faz propaganda do governo
Ao menos duas entidades ligadas ao governo Lula participaram da manifestação que acabou com quatro seguranças feridos na terça, 11, durante a Conferência das Partes para o Clima da ONU, a COP30, em Belém, no Pará.
A manifestação em questão foi a Marcha Global Saúde e Clima que, segundo seus organizadores, reuniu milhares pessoas em uma caminhada com percurso de 1,5 quilômetro.
O ato se encerrou na travessa Lomas Valentina com a Duque de Caxias.
Em seguida, perto das 19 horas, alguns de seus integrantes, incluindo indígenas, entraram na área conhecida como Blue Zone, que concentra os espaços de negociação.
Entre as organizações que participaram da Marcha estavam a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ligado ao Ministério da Saúde, e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), uma autarquia federal que colabora com o Ministério.
A confusão na COP30 mostra que há limites para quem quer tutelar o povo.
Luta ambiental
O secretário Geral da Presidência Guilherme Boulos foi para Belém prometendo "uma das COPs com maior participação popular da história".
"Pessoal, chegando agora aqui em Belém, na abertura da COP 30. Vamos participar junto com o presidente Lula. Vão ser vários dias de atividade com participação popular. Vai ser uma das COPs com maior participação popular da história, construída também na Secretaria-Geral da Presidência, com apoio à cúpula dos povos, que vai trazer mais de 10 mil pessoas aqui para Belém, de vários cantos aqui, onde tá se encontrando a luta ambiental, a luta para combater as mudanças climáticas, para a transição energética no mundo todo, com protagonismo do governo do Brasil, do presidente Lula, e com protagonismo popular também. Acompanha aí que vai ser várias atividades ao longo dessa semana aqui na COP30 com participação de movimentos sociais, indígenas, quilombolas, ambientalistas do Brasil e do mundo todo", afirmou o ministro em vídeo publicado nas redes sociais", afirmou o ministro em um vídeo nas redes sociais.
Boulos, obviamente, não está pensando em uma COP com ampla participação popular, com pluralidade de opiniões, até porque não há muito o que as pessoas possam fazer dentro do evento.
As reuniões sobre as metas de emissão de gases para conter o aquecimento global acontecem entre os representantes dos países, em espaços reservados.
Na COP, basicamente, o que há são palestras e estandes de países fazendo propaganda de si mesmos.
O que Boulos busca é organizar manifestações populares para demonstrar apoio ao presidente Lula, algo que este governo também fez durante o encontro do G20 no Rio de Janeiro.
Mas, como se viu na terça, 11, nem sempre o povo aceita tanta subserviência.
Boulos prometeu participação popular, mas quem acreditou nele não se contentou em repetir slogans governistas. Daí a confusão.
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