Madagascar: 22 mortos, presidente desaparecido e adesão do exército a protestos
Apesar da crescente pressão popular, o coronel Michael Randrianirina, líder da rebelião militar, afirmou que o "objetivo não é tomar o poder"

A totalidade das Forças Armadas de Madagascar se juntou a manifestações massivas que contestam o governo de Andry Rajoelina. O presidente, que não é visto em público desde o último fim de semana, qualificou a situação como uma "tentativa ilegal de tomada de poder".
Desde sexta-feira, 10 de outubro, a incerteza sobre a liderança do país aumentou. Observadores não sabem ao certo qual o paradeiro do presidente, que não aparece publicamente em meio a protestos sem precedentes.
Inicialmente motivadas por questões relacionadas a cortes de água e energia elétrica, as manifestações agora questionam diretamente os líderes políticos em exercício.
Abandonado pelas forças armadas e por aliados próximos, Andry Rajoelina emitiu um comunicado breve através de seu gabinete, denunciando a situação atual. Ele planeja se pronunciar para esclarecer os acontecimentos que se intensificaram nas últimas semanas.
Problemas crônicos de infraestrutura
As cidades de Madagascar enfrentam cortes frequentes de água e eletricidade há anos, resultado da falta de infraestrutura e da diminuição do nível dos reservatórios durante a estação seca.
A companhia nacional responsável pela distribuição de água tem dificuldade em atender à crescente demanda, levando a empresa a implementar racionamentos periódicos na capital Antananarivo.
Rajoelina foi reeleito no final de 2023 em uma votação marcada por boicote da oposição e com menos da metade dos eleitores registrados participando.
A primeira manifestação organizada pelo coletivo Gen Z ocorreu em 25 de setembro, inspirada por movimentos semelhantes na Indonésia, Timor Leste, Filipinas e Quênia.
Durante esse evento inicial, muitos estabelecimentos comerciais na capital foram saqueados sob os olhares das forças de segurança, resultando na morte de quatro pessoas.
Exército alinha-se aos manifestantes
Rapidamente, o descontentamento evoluiu para um questionamento mais amplo da liderança política, especialmente em relação ao presidente Rajoelina.
O coletivo Gen Z exige um "diálogo nacional democrático" e "acesso universal aos serviços essenciais", como água e emprego.
No dia 11 de outubro, uma facção do exército conhecida como CAPSAT se rebelou e decidiu apoiar os manifestantes. Os oficiais do CAPSAT convocaram todas as forças armadas a se unirem ao povo.
Em 12 de outubro, o CAPSAT declarou que todos os comandos das forças armadas seriam emitidos por seu quartel-general. Um novo chefe do estado-maior foi nomeado, e milhares se reuniram na emblemática praça do 13 de maio em Antananarivo para apoiar as manifestações.
Apesar da crescente pressão popular, o coronel Michael Randrianirina, líder da rebelião militar, afirmou que o "objetivo não é tomar o poder" e enfatizou a importância de permanecer dentro dos limites constitucionais.
Relatos indicam que até 22 pessoas morreran nos protestos; números que são contestados pelo presidente, que afirma haver apenas alguns mortos entre "saqueadores".
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