Sanae Takaichi impulsiona bolsa japonesa e derruba o iene
Bolsa japonesa dispara após vitória de Sanae Takaichi, vista como favorável a políticas pró-crescimento e gastos públicos

A vitória de Sanae Takaichi na disputa pela liderança do Partido Liberal Democrata (PLD) do Japão desencadeou um dos maiores movimento nos mercados asiáticos em meses, levando o índice Nikkei 225 a um recorde e provocando nova queda do iene, a moeda japonesa.
Conhecida por sua postura pró-estímulo e pela proximidade com o ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, Takaichi é vista como defensora de uma política econômica mais intervencionista e expansionista.
Essa imagem reacendeu apostas de que, se de fato ela for escolhida como a próxima primeira-ministra, haveria mais gastos públicos e um possível atraso no aperto monetário do Banco do Japão.
O mercado reagiu antes mesmo de qualquer anúncio formal, com o Nikkei superando os 47 mil pontos, enquanto o iene se desvalorizou para além de 150,3 por dólar, um patamar que prejudica importadores, mas ajuda os exportadores japoneses e o lucro de grandes conglomerados.
Esse entusiasmo reflete mais as expectativas políticas do que os fundamentos econômicos. O Japão ainda convive com uma inflação controlada, crescimento discreto e dívida pública acima de 230% do PIB, o que limita a margem de manobra fiscal.
Takaichi promete acelerar investimentos em defesa, sendo favorável a rever a constituição pacifista do país desde o pós-guerra, ante a uma China cada vez mais forte no campo militar e a postura dúbia de Trump na defesa de seus aliados estratégicos.
Ela também deve fomentar inovação tecnológica e transição energética, o que sinaliza continuidade do modelo de estímulos que marcou a gestão de Abe. Do ponto de vista econômico, a diferença, agora, está no contexto internacional, com os Estados Unidos mantendo juros elevados e a China em desaceleração, exigindo do Japão um difícil equilíbrio do câmbio sem sufocar a atividade.
A reação dos investidores também é política, já que depois de anos de instabilidade e lideranças transitórias, a ascensão de Takaichi poderia restabelecer uma linha de comando mais previsível dentro do PLD, e se tem algo que agrada aos mercados é previsibilidade.
A aposta é que sua liderança garanta estabilidade suficiente para avançar em reformas administrativas e políticas industriais de longo prazo, temas que ficaram mais de lado nos últimos governos.
Mas ainda há uma cautela quanto à sua habilidade em sustentar o equilíbrio entre gasto público e credibilidade fiscal. Seu desafio será preservar a confiança do mercado de títulos, onde o Banco do Japão detém quase metade dos papéis em circulação.
A continuidade do enfraquecimento do iene pode reforçar lucros corporativos e o apetite externo por ações japonesas, mas o risco de fuga de capitais, em caso de perda de controle inflacionário, continua no radar dos investidores.
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