Eleição em Buenos Aires é risco para Milei
Para Milei, a vitória de seus correligionários em Buenos Aires é fundamental para não chegar em 2026 enfraquecido

A eleição na província de Buenos Aires, marcada para o próximo domingo, assume o papel de plebiscito para o governo de Javier Milei.
Seu modelo ultraliberal, inaugurado com cortes drásticos de gastos, demissão em massa na administração pública e fechamento de ministérios, seguiu prometendo superávit fiscal e controle da inflação.
Ele entregou muitas dessas conquistas, mas elas começam a conviver com um crescente desgaste institucional e econômico.
Esse pleito não é só uma eleição local. Buenos Aires concentra cerca de 40% do eleitorado argentino e representa o motor político mais intenso do país.
O desempenho de La Libertad Avanza ali servirá de termômetro para a continuidade das reformas profundas na Câmara Nacional, que tem quase metade de seus representantes eleitos nessa disputa.
Há fatores claros alimentando a deterioração do cenário político. As denúncias de corrupção envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária geral da presidência, corroeram sua imagem de antissistema e anticorrupção.
O episódio ainda reverberou em decisões legislativas: o Congresso derrubou um veto presidencial a um projeto de lei de assistência às pessoas com deficiência, algo inédito nas últimas décadas.
Na área econômica, a situação cambial preocupa: o dólar atingiu novas máximas e obrigou o Tesouro, e não o Banco Central, a intervir no câmbio, contradizendo os fundamentos liberais do governo e sinalizando alguma perda de confiança no manejo econômico.
Enquanto isso, Milei intensifica sua retórica combativa, sobretudo contra o peronismo, e aposta na polarização como estratégia eleitoral.
O fechamento de campanhas foi marcado por baixa adesão popular dos dois lados e clima de hostilidade, com eventos de candidatos sendo atingidos por pedras e manifestações acaloradas.
Axel Kicillof, o atual governador da província de Buenos Aires, ex-ministro da economia de Cristina Kirchner e representante do peronismo, já reaquece sua retórica, denunciando o modelo econômico do presidente como especulativo e destruidor da produção e do emprego.
Para Milei, que ontem estava nos Estados Unidos em uma rápida viagem para buscar investidores, a vitória de seus correligionários é fundamental para não chegar em 2026 enfraquecido.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)