"Aberração", diz CEO da Transparência Internacional sobre aplicação da Magnitsky a Moraes
Para Maíra Martini, diretora-executiva da organização anticorrupção, a decisão do governo Trump abriu um "precedente perigosíssimo"

CEO da ONG Transparência Internacional, a brasileira Maíra Martini classificou a aplicação de sanções com base na Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, como uma "aberração".
Para a diretora-executiva da organização anticorrupção, a decisão do governo Trump abriu um "precedente perigosíssimo".
"O risco de uso político sempre existiu, mas essa decisão agora é o oposto do que a lei diz. Não se enquadra em nenhum dos motivos pelos quais ela foi criada. É uma aberração e abre um precedente perigosíssimo. O pior é que essa narrativa contra a sociedade civil, que vem do governo de Donald Trump, está se enraizando em muitos lugares", afirmou Martini ao jornal O Globo.
Para ela, o que preocupa é que a Magnitsky era "uma ferramenta para alcançar justiça, principalmente em países em que o sistema está totalmente cooptado".
"Podemos esperar qualquer coisa do governo americano. Não duvido que possam vir sanções à sociedade civil", acrescentou.
“Moraes não se enquadra”
O investidor britânico William Browder, responsável por liderar a campanha internacional que levou à criação da Lei Magnitsky nos Estados Unidos, já havia criticado a aplicação da norma ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Pai da Magnitsky, ele afirmou que a sanção imposta ao magistrado brasileiro desvirtua os princípios da legislação, criada para punir violações graves de direitos humanos e atos de corrupção cometidos por agentes estatais. Segundo ele, a lei foi concebida para responsabilizar “criminosos reais” e não juízes de países considerados democráticos.
“Passei anos lutando pela aprovação da Lei Magnitsky para acabar com a impunidade contra violadores graves dos direitos humanos e cleptocratas. Pelo que sei, o juiz brasileiro Moraes não se enquadra em nenhuma dessas categorias”, afirmou Browder.
A Lei Magnitsky foi aprovada pelo Congresso americano em 2012, após a morte do advogado russo Sergei Magnitsky, que denunciou um esquema de corrupção envolvendo autoridades da Rússia e morreu sob custódia em circunstâncias suspeitas. Magnitsky era advogado de William Browder. Desde então, a norma passou a ser adotada por outros países como instrumento de política externa.
Leia também: EUA equiparam Moraes a assassinos, estupradores e torturadores
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Comentários (1)
Alan Wilter
2025-08-25 10:58:32Se o STF não é corrupto e a justiça não foi totalmente cooptada então o que foi o fim da Lava-Jato é a eleição de um descondenado? Eu não acredito em Justiça Divina, mas a Americana está boa o bastante.