Pressão fiscal pode travar corte das tarifas de Trump
As tarifas poderão deixar de ser um instrumento tático de pressão para virar uma fonte permanente de financiamento do governo

As tarifas impostas pelo governo Trump estão rendendo mais do que o esperado, e isso pode virar um dilema político e econômico.
Com uma arrecadação que já ultrapassou os 150 bilhões de dólares em 2025, o governo americano vê nessas receitas um alívio importante para o déficit público, agravado pelos cortes de impostos promovidos por Trump.
A tentação agora é bem conhecida em governos brasileiros: mesmo com os efeitos inflacionários e o peso sobre o bolso do consumidor, abrir mão das tarifas pode não ser uma opção imediata.
Desde que Trump voltou à Casa Branca, ele pisou forte no acelerador da política tarifária. Ele impôs taxas sobre uma ampla gama de produtos importados, especialmente da China e mais recentemente, Brasil, sob a bandeira de proteger a indústria americana e incentivar a produção doméstica ou mesmo punir países com atitudes antiamericanas.
O resultado foi uma explosão de arrecadação: até o final desse ano, o Tesouro projeta uma receita de até 300 bilhões de dólares.
Essa quantia representa quase um quarto do déficit anual atual, que beira 1,3 trilhão.
Em um contexto em que o endividamento americano só cresce (a dívida já passa de 36 trilhões), o dinheiro "extra" das tarifas passou a ser tratado como um recurso estratégico dentro da administração Trump.
Apesar de o presidente afirmar que os “países estrangeiros estão pagando a conta”, a realidade é que essas tarifas são repassadas às empresas e consumidores americanos.
Um estudo da universidade de Yale aponta que famílias de baixa e média renda estão entre as que são mais afetadas, arcando com um custo adicional estimado de 2.400 dólares ou mais, por ano. Ainda assim, o impacto fiscal tem pesado mais na balança política do que o custo social.
O dilema, também apontando pelo New York Times, é nítido: abandonar as tarifas significaria abrir mão de uma fonte concreta de receita em um momento em que o governo tenta justificar cortes de impostos e controlar o rombo nas contas públicas.
Já há quem defenda que parte do dinheiro vire reembolsos populacionais ou reduza a dívida. Mas, na prática, o fluxo de caixa das tarifas virou uma âncora fiscal da atual política econômica, e Trump parece cada vez menos disposto a largá-la.
A continuar nesse ritmo, as tarifas poderão deixar de ser um instrumento tático de pressão comercial contra outros países para ser uma fonte permanente de financiamento do governo, e sabemos como qualquer governo se acostuma rápido a uma renda extra.
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