Tarcísio fora do ato bolsonarista: cálculo político?
A data do procedimento do governador, nesse contexto, surgiria como uma solução conveniente, mas também terá seu preço

A ausência do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, da manifestação convocada por bolsonaristas para o domingo, 3 de agosto, foi oficialmente justificada por um procedimento médico agendado com antecedência.
Segundo sua assessoria, ele passará por uma radioablação por ultrassonografia de tireoide justamente na tarde domingo no Hospital Albert Einstein.
Só que o timming do procedimento indica que a decisão poderia ir além de questões de saúde: seria um movimento calculado em meio a pressões da base bolsonarista, cada vez mais isolada, e a crescente tensão dentro do campo da direita, do qual ele é parte?
Tarcísio, que é um dos nomes mais bem posicionados nacionalmente da nova direita, tem buscado um equilíbrio difícil.
Ele precisa manter o apoio a Jair Bolsonaro para ganhar sua base de eleitores, mas não pode desagradar o eleitor moderado.
Tarcísio vem tentando construir uma imagem mais institucional e pragmática, o que inclui aproximações com o empresariado tradicional, interlocução com o Congresso e diálogos com o Judiciário.
Até a eventos com Lula ele já compareceu.
Esse reposicionamento, porém, tem gerado desconfiança entre os aliados mais fiéis ao ex-presidente, sobretudo do deputado Eduardo Bolsonaro.
Segundo apuração da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, senadores brasileiros que estiveram em Washington recentemente detectaram uma ofensiva liderada por Eduardo para minar a imagem de Tarcísio junto ao ex-presidente Donald Trump.
Leia em Crusoé: Como Eduardo escolhe seus alvos
Essa movimentação bolsonarista teria como meta desgastar o governador junto à base conservadora internacional, colando nele a imagem de traidor.
Tarcísio, aliás, não se pronunciou até esta sexta sobre a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes.
Eduardo quer um posicionamento mais firme do governador.
A data do procedimento médico, nesse contexto, surgiria como uma solução conveniente.
Em primeiro lugar, evita expor Tarcísio em cima de um carro de som bolsonarista, no momento em que eles são vistos como incentivadores do tarifaço de Trump, medida que prejudica o setor produtivo do país e do estado de São Paulo.
Além disso, o governador se livra de ter que se posicionar publicamente sobre bandeiras bolsonaristas, como as críticas à Alexandre de Moraes e o pedido de anistia a Jair Bolsonaro.
Mas esse posicionamento pode cobrar seu preço.
Ao não comparecer, Tarcísio pode dar a entender que pretende consolidar um projeto político próprio, o que poderia deixar os bolsonaristas ainda mais enraivecidos.
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Comentários (2)
MARCOS
2025-08-01 21:22:24JÁ PASSOU DA HORA DE SE DESCOLAR DOS BOLSONAROS.
Nelson Lemos Costa
2025-08-01 13:04:36A hora de saltar da Bolso-Balsa é agora.