Em um mundo dominado pelas redes sociais, onde ser
cool parece uma obsessão coletiva, uma pergunta fundamental segue na cabeça de muita gente: o que realmente significa ser uma pessoa
cool, isto é descolada, legal e admirada
? É o mesmo que ser uma boa pessoa? Ou são conceitos distintos?
Não sou fã de estrangeirismos, mas como a pesquisa é em inglês e fala sobre um termo específico que para explicar exigiria o emprego, a todo momento, de três outras palavras (descolada, legal e admirada), vamos seguir com
cool no texto.
Um estudo inovador, publicado no
Journal of Experimental Psychology: General e liderado por pesquisadores das universidades do Arizona, Georgia e do Chile, mergulhou nessas questões para descobrir o que torna alguém verdadeiramente
cool, e se isso muda de cultura para cultura.
Uma investigação global sobre o "ser cool"
A pesquisa envolveu quase seis mil pessoas em 13 países, incluindo Estados Unidos, China, Alemanha, Turquia, Chile, Índia e Nigéria. Os participantes foram convidados a pensar em pessoas reais — não famosas — que considerassem “
cool”, “não
cool”, “boas” ou “não boas”.
Em seguida, deveriam avaliar os traços de personalidade e valores dessas pessoas com base em dois instrumentos amplamente aceitos na psicologia: os cinco grandes traços de personalidade e um questionário para retratar e medir valores humanos fundamentais.
O objetivo era duplo: entender o que diferencia uma pessoa cool de uma pessoa apenas boa, e verificar se os atributos do “ser cool” mudam conforme o ambiente em que você vive.
Os 6 traços universais que definem quem é cool
A conclusão foi surpreendentemente consistente em todos os países pesquisados: seis traços principais definem a percepção global do que é ser
cool. Eles são:
1. Extroversão
Pessoas consideradas
cool são altamente sociáveis, expressivas, falantes e abertas a interações sociais. A extroversão se destaca como o traço mais fortemente associado a esse valor. Isso sugere que envolve uma habilidade visível de se conectar com os outros, de atrair atenção e inspirar simpatia em contextos sociais.
2. Hedonismo
Cool também é quem valoriza os prazeres da vida. A busca pelo prazer, diversão, conforto e experiências sensoriais positivas é uma característica marcante. Pessoas hedonistas curtem a vida, não têm medo de demonstrar isso e vivem o presente com intensidade. No mundo das redes sociais, isso se traduz em quem compartilha viagens, festas, estilo de vida descolado e autenticidade emocional.
3. Poder
Este talvez seja o traço mais intrigante. O estudo mostra que pessoas vistas como
cool são percebidas como poderosas, no sentido de exercer influência sobre os outros. Não se trata apenas de autoridade formal,
mas de carisma, capacidade de liderança e domínio social. Nesse aspecto, se aproxima da ideia de posição social, protagonismo e presença marcante.
4. Aventura
Ser
cool é ser aventureiro — alguém que corre riscos, explora o novo e rompe com a zona de conforto. Esses indivíduos gostam de experiências desconhecidas, mostram curiosidade e não têm medo de quebrar regras. Está ligado à coragem de ser diferente, seja viajando para lugares exóticos, adotando hábitos fora do comum ou simplesmente surpreendendo no modo de viver.
5. Abertura a novas experiências
Pessoas
cool são abertas, intelectualmente curiosas e receptivas a ideias diferentes. Elas se interessam por arte, cultura, tecnologia, diversidade e inovação. A abertura aparece no estilo de vida, nos gostos musicais e estéticos e nas posturas diante do mundo. Em resumo: ser assim exige mente aberta e disposição para aprender e mudar.
6. Autonomia
Esse traço talvez seja o mais central: a pessoa
cool é vista como alguém independente, que age conforme seus próprios valores, mesmo que vá contra normas e expectativas. A autenticidade — agir de forma fiel a si, sem se curvar às pressões externas — é o coração do conceito. Um exemplo comum?
Alguém que se veste de maneira original, segue uma carreira não convencional ou defende opiniões impopulares com segurança.
Cool x Bom: qual a diferença?
Apesar de muitas sobreposições, ser
cool e ser bom são coisas diferentes. Pessoas boas são mais frequentemente vistas como calmas, gentis, tradicionais, seguras, conformistas, cuidadosas e éticas. Já o ser
cool carrega um elemento de ousadia, autonomia e quebra de convenções.
Ou seja, uma freira, um professor dedicado ou um avô amoroso podem ser excelentes pessoas, mas dificilmente seriam considerados
cool dentro dessa lógica.
Mas fica um alerta: um comportamento que envolva risco, poder e prazer pode parecer
cool apenas se não for percebido como forçado, inconveniente ou irresponsável.
O conceito é o mesmo em todo o mundo?
Surpreendentemente, sim. Os mesmos seis traços apareceram em todas as 13 culturas analisadas, independentemente de idioma, religião ou contexto social. Houve apenas pequenas variações de intensidade. Isso indica que o conceito de ser
cool se tornou um código cultural quase universal, impulsionado por décadas de globalização, exposição à mídia e redes sociais.
Por que isso importa?
A percepção de ser
cool afeta diretamente a posição social, a autoestima e a influência de uma pessoa.
Também impacta o consumo: produtos, marcas, influenciadores e ideias vistas com tal característica têm maior poder de engajamento.
Entender o que é ter essas características pode ajudar marcas a se posicionar melhor, professores a se conectar com os jovens, e líderes a construir reputação com autenticidade e mesmo pessoas comuns a terem mais sucesso. Mais do que um adjetivo,
cool é um fenômeno social — e, ao que tudo indica, veio para ficar.
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