Empresas japonesas adotam IA para treinar e avaliar funcionários
O objetivo é treinar colaboradores para lidar com situações de estresse e melhorar suas habilidades de atendimento ao cliente

Empresas no Japão estão ampliando o uso de inteligência artificial em processos de treinamento e avaliação de desempenho de funcionários.
A Ricoh, por exemplo, implementou um sistema de certificação interna chamado “AI Evangelist”, com o objetivo de capacitar seus colaboradores em soluções baseadas em IA.
Em 2024, 1.387 funcionários iniciaram o processo de certificação, sendo que apenas 300 devem concluir até 2025.
“Senior AI Evangelist”
A empresa também planeja lançar uma certificação avançada, denominada “Senior AI Evangelist”, em 2026 .
Além disso, a Ricoh desenvolveu um modelo de linguagem próprio com 70 bilhões de parâmetros, capaz de operar em japonês, inglês e chinês.
Esse modelo é utilizado para analisar documentos e feedbacks de clientes em call centers, além de oferecer agentes de IA com capacidades de interação por voz .
iRolePlay
Outra empresa japonesa, a Interactive-Solutions, criou o iRolePlay, uma ferramenta baseada no ChatGPT que simula interações com clientes difíceis.
O objetivo é treinar novos funcionários para lidar com situações de estresse e melhorar suas habilidades de atendimento ao cliente.
A adoção dessas tecnologias visa a aumentar a eficiência e a precisão nas avaliações, permitindo que todas as interações dos funcionários sejam analisadas, em vez de apenas amostras.
Alertas
No entanto, especialistas alertam para a necessidade de transparência nos critérios de avaliação e supervisão humana para evitar decisões injustas ou enviesadas, especialmente porque algoritmos podem reproduzir ou até amplificar preconceitos existentes nos dados de treinamento.
A introdução da IA em processos de avaliação e treinamento levanta questões práticas e éticas relevantes, especialmente para estrangeiros e minorias.
Há dúvidas se os trabalhadores estrangeiros estarão preparados para lidar com avaliações automatizadas que podem não considerar nuances culturais e linguísticas.
Além disso, há preocupações sobre o aumento da pressão sobre minorias e a necessidade de políticas que garantam que a tecnologia não reforce desigualdades.
Soft law
O Japão adota uma abordagem de regulação baseada em princípios orientativos (soft law), priorizando o equilíbrio entre inovação tecnológica e proteção de direitos humanos, privacidade e inclusão social.
O governo incentiva o desenvolvimento de ferramentas de IA adaptadas ao idioma, cultura e práticas locais, mas ainda não impõe regras rígidas, preferindo diretrizes que promovam responsabilidade social e inovação.
O uso de IA em recursos humanos e treinamento corporativo está em ascensão globalmente.
Plataformas baseadas em IA permitem personalizar o aprendizado, adaptar trilhas de capacitação ao perfil de cada colaborador e monitorar o progresso de forma contínua, com feedbacks automatizados.
Regulação
Isso tende a tornar o aprendizado mais eficiente e direcionado, mas exige monitoramento constante para evitar vieses e garantir a transparência dos processos.
A experiência japonesa pode servir de referência para outros países, inclusive o Brasil, onde o debate sobre regulamentação e uso ético da IA em recursos humanos e treinamento ainda está em desenvolvimento.
A participação ativa de empresas, sindicatos e comunidades de trabalhadores, especialmente estrangeiros, será fundamental para garantir que a tecnologia seja usada de forma justa, transparente e inclusiva.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)