Como a Rússia distorce a guerra contra o nazismo
A União Soviética assinou um pacto de não agressão com Adolf Hitler, o qual durou até a invasão do país na Operação Barbarossa

A ditadura do russo Vladimir Putin irá comemorar na sexta, 9, o Dia da Vitória.
Estarão presentes Lula, a primeira-dama Janja (foto) e vários ditadores aliados ao Kremlin.
A data lembra a vitória da União Soviética (URSS) sobre os nazistas, na Segunda Guerra Mundial.
Putin e os presidentes russos antes dele enaltecem esse dia, como se a União Soviética tivesse combatido o nazismo desde sempre.
Os fatos contam uma história diferente.
A União Soviética foi aliada do nazismo até o momento em que Adolf Hitler, em um erro estratégico, decidiu invadir o país, em junho de 1941.
Pacto Molotov-Ribbentrop
Em 26 de agosto de 1939, nazistas e soviéticos assinaram o Pacto Molotov-Ribbentrop, de não agressão.
Em um protocolo secreto, anexo ao pacto, os dois países totalitários dividiram a Polônia em duas áreas de influência.
No mês seguinte, os nazistas invadiram a Polônia.
"Durante dois anos, de setembro de 1939 a junho de 1941, a União Soviética forneceu à Alemanha nazista alimentos, minerais, combustíveis e equipamentos, os quais foram usados por Hitler para subjugar as democracias da Europa ocidental, em novas guerras de agressão devastadoras. A União Soviética já abastecia amplamente a Alemanha da República de Weimar desde os anos 1920, dois países à margem dos sistemas de segurança da Liga das Nações, e continuou o fazendo sob a Alemanha dominada por Hitler, mesmo quando a doutrina oficial da nação comunista era a luta antifascista", escreveu o diplomata Paulo Roberto de Almeida, em seu blog Diplomatizzando.
A amizade acabou quando Hitler iniciou a Operação Barbarossa, invadindo a União Soviética.
"A cooperação mútua, bem mais proveitosa à Alemanha nazista do que à URSS, teria continuado, se Hitler não tivesse traído o pacto de não agressão e lançasse a Operação Barbarossa, em junho de 1941", escreve Almeida.
A blogueirinha de Putin
Apesar dos fatos históricos, a Rússia é um dos países mais eficientes na guerra de desinformação e habilmente consegue fazer com que visitantes incautos adotem sua própria narrativa.
Depois de ir ao Kremlin, a primeria-dama Janja escreveu no Instagram: "A fortaleza é um dos locais mais conhecidos da Rússia e guarda momentos importantíssimos da história de luta e construção da nação russa, tendo sido a morada de czares e hoje do presidente".
"Durante a visita, pude perceber o orgulho com que o povo russo se prepara para as comemorações do 80º aniversário do Dia da Vitória, data que marca o triunfo da então União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial", escreveu.
"Em tempos tão difíceis como os que vivemos hoje, com conflitos se espalhando e se intensificando, e a retomada de forças extremistas, é necessário e importante preservarmos a memória, aprendermos com a história e, juntos, construirmos um futuro de paz e fraternidade entre os povos", afirmou Janja na publicação.
A União Soviética de Josef Stalin nada tinha de espírio de fraternidade e paz. Stalin foi o responsável pela morte de mais de 10 milhões de pessoas. Seria muito mais uma "força extremista".
O conselho para "aprender a história", porém, continua valendo.
Leia em Crusoé: Janja, a blogueirinha de Putin
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