Criptos: Onde foi que Milei errou
Presidente da Argentina foi imprudente ao confiar em grupo que criou a $LIBRA

A oposição argentina quer levar adiante um pedido de impeachment do presidente Javier Milei (foto), por ele ter compartilhado um post sobre a criptomoeda $LIBRA na sexta, 14.
Mas a oposição difícilmente conseguirá dois terços no Congresso para depor o presidente.
Parlamentares de centro já disseram que não vão apoiar a proposta.
Investigações
Os opositores falam em fraude e golpe, mas não será tão fácil provar que Milei cometeu um delito.
O presidente ainda deu mostras de que está disposto a colaborar com as investigações da Oficina Anticorrupção e iniciou uma apuração interna na Presidência.
Sem envolvimento
Milei deu entrevistas nos últimos dias tentando se desvencilhar do esquema.
Uma nota da Casa Rosada afirmou que "não tendo se envolvido em nenhum dos desenvolvimentos da criptomoeda, após as repercussões que o lançamento do projeto teve e para evitar qualquer especulação e não lhe dar maior divulgação, decidiu apagar a publicação".
O presidente argumentou que compartilhou a publicação falando da $LIBRA de uma conta pessoal, não da presidência.
E disse que quem compra criptomoedas deve saber o risco que está correndo.
"Se você vai ao cassino e perde dinheiro... O que mais você queria, se foi ao cassino?", disse Milei. "É como o sujeito sair no bairro e entrar numa roleta-russa e toma a bala", afirmou o presidente.
O presidente, nesse ponto, tem razão.
"As criptomoedas são ativos altamente especulativos. O fato de elas oscilarem para cima e para baixo não é nenhuma novidade", diz o advogado Marcelo Godke, especialista em direito comercial.
Más intenções
Mesmo que não sofra um julgamento político e que nenhum crime lhe seja imputado, o presidente argentino cometeu o erro de dar espaço e sancionar um grupo que aparentemente estava mal intencionado desde o início.
O argumento de que a criptomoeda $LIBRA ajudaria os pequenos empresários argentinos, usado por Milei ao compartilhar a mensagem, não para em pé, uma vez que não havia um plano desenhado para financiar os empreendedores nacionais.
Robôs
Além disso, o criador da criptomoeda, Hayden Davis, admitiu alguns artifícios para ajudar a inflar o preço da moeda no início.
Na prática conhecida como "sniping", eles usaram bots (robôs) para comprar grandes quantidades da moeda antes do público geral, o que jogou o preço para cima.
Hayden também removeu parte da liquidez da moeda depois que o valor subiu, o que levantou suspeitas de fraude.
"Esse é um esquema relativamente clássico em que se cria uma moeda qualquer, com alguma celebridade pra divulgá-la ou se tenta fazer dela um meme", diz Raphaël Lima, fundador da organização Ideias Radicais e do Instituto Livre Mercado.
"Quando todo mundo entra e compra a criptomoeda, o criador vende tudo e desaba o mercado", diz Lima.
Imprudência
Ao compartilhar uma mensagem sobre a criptomoeda, o presidente argentino emprestou sua credibilidade para um grupo que ele mal conhecia.
"O que ocorreu foi que os criadores dessa criptomoeda convenceram Milei a divulgá-la, falando que era uma forma de investir na Argentina", afirma Lima.
"Milei só foi grotescamente imprudente. Ele divulgou um golpe, porque os caras conseguiram ganhar a confiança dele", diz Lima.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)