“Internacional conservadora” foca na Grã-Bretanha e no confronto com Starmer
O Financial Times destacou a formação de uma nova "Internacional Conservadora" que parece estar focada por ora no Reino Unido
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Não faz muito tempo, o Reino Unido se destacava como um modelo para nacionalistas de direita em todo o mundo.
Em 2016, os britânicos tomaram uma decisão surpreendente ao votar pelo Brexit, o que alarmou as elites estabelecidas. Esse movimento foi visto como uma vanguarda de uma onda populista que desafiava a hegemonia das instituições globais e buscava ressaltar a soberania nacional.
Donald Trump, durante seu primeiro mandato, mencionou que o Reino Unido estaria se livrando de um "âncora no tornozelo"; no entanto, seus planos de um acordo comercial com Londres nunca se concretizaram, decepcionando os defensores do Brexit.
De modelo a alvo
Atualmente, a imagem do Reino Unido como um bastião do Brexit perdeu sua força. O país comemorou discretamente o quinto aniversário da saída da União Europeia, lidando com desafios econômicos e um aumento significativo nas taxas de imigração.
Nigel Farage, um dos principais defensores do Brexit e atual líder do partido Reformista, critica Boris Johnson e os conservadores por não terem aproveitado essa oportunidade histórica com uma estratégia clara.
Na Europa, a maioria dos partidos que antes defendiam a saída da UE já não sustentam mais essa posição. Nos Estados Unidos, líderes da direita nacionalista agora veem o Reino Unido mais como um exemplo negativo do que como uma fonte de inspiração.
Direita contra Starmer
O magnata da tecnologia Elon Musk tem atacado semanalmente o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer em sua plataforma X, acusando-o de usar métodos autoritários.
O presidente argentino libertário Javier Milei afirmou no Fórum Econômico Mundial em Davos que o Reino Unido estaria encarcerando cidadãos que expõem crimes cometidos por muçulmanos encobertos pelo governo.
Por sua vez, o vice-presidente americano JD Vance previu que o Reino Unido se tornaria o primeiro "verdadeiro país islamista com armas nucleares".
"Internacional Conservadora"
O Financial Times destacou a formação de uma nova "Internacional Conservadora" que parece estar focada por ora no Reino Unido.
Essa atenção é intensificada pela atuação ineficaz do governo trabalhista desde sua posse no verão passado.
Musk levantou especulações sobre um possível investimento de 100 milhões de dólares no partido Reformista de Farage para derrubar Starmer.
Embora essas especulações tenham diminuído após um desentendimento com Farage, as pesquisas indicam que a popularidade do partido Reformista está em ascensão, superando os trabalhistas e conservadores mesmo sem os recursos financeiros de Musk.
Musk reviveu escândalos antigos sobre abusos cometidos por grupos predominantemente formados por homens de origem paquistanesa e a inércia das autoridades diante dessas questões.
O argumento proposto por Milei destaca que o Reino Unido estaria restringindo a liberdade de expressão dos críticos do Islã.
É importante notar que Tommy Robinson, uma figura controversa associada à extrema-direita britânica, não está preso por suas opiniões, mas sim por violar ordens judiciais.
Contudo, há evidências de uma postura severa dos tribunais britânicos contra discursos odiosos gerados nas redes sociais durante os tumultos do ano anterior.
Direita populista no Reino Unido
A nova direita americana encontra terreno fértil no Reino Unido. Durante a primeira presidência de Trump, muitos conservadores britânicos mantiveram distância dele. No entanto, durante sua segunda posse em janeiro, figuras proeminentes como Farage e ex-primeiros-ministros britânicos se aproximaram do ex-presidente americano.
Atualmente, tanto o partido Reformista quanto os conservadores competem pela proximidade com Trump e se inspiram em seu programa MAGA (Make America Great Again) na disputa pelo domínio da ala direita britânica.
Temendo perder apoio para Farage, os conservadores estão se movendo mais à direita em suas políticas sobre imigração e direitos das minorias.
E Trump?
Até o momento, Trump não tem participado ativamente das críticas ao Reino Unido e fez comentários positivos sobre Starmer.
Isso levanta esperanças dentro do Partido Trabalhista de que a relação especial entre Londres e Washington possa sobreviver à próxima presidência de Trump.
Para isso, Starmer não hesita em utilizar ferramentas diplomáticas tradicionais britânicas como a influência da família real.
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