Bolsonaro já fez Trump desistir das tarifas. Agora, Lula será testado
Em 2019, o então presidente brasileiro aproveitou o "canal aberto" que tinha com o americano
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (na foto, com Jair Bolsonaro) deve anunciar nesta semana tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio.
A medida afeta diretamente o Brasil, que é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos.
De todos os produtos siderúrgicos exportados pelo Brasil, 60% têm como destino os Estados Unidos.
Além do aspecto econômico, a medida será um grande teste para o presidente Lula.
Em dezembro de 2019, quando Trump anunciou uma medida similar, o então presidente Jair Bolsonaro conseguiu fazer o americano desistir da ideia.
Fluidez do comércio
Há seis anos, Trump dizia que Brasil e Argentina manipulavam suas moedas.
“Brasil e Argentina têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas, o que não é bom para os agricultores americanos. Portanto, com efeito imediato, restaurarei as tarifas de todos os aços e alumínio enviados para os EUA a partir desses países”, afirmou Trump nas redes sociais.
Quando Trump anunciou tarifas, o então vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que buscaria "esclarecer a situação" com os americanos.
Bolsonaro mencionou que usaria o "canal aberto" que tinha com Trump.
“Vou conversar com o (ministro da Fazenda Paulo) Guedes agora, e se for o caso, ligo para o Trump, porque tenho canal aberto com ele”, disse Bolsonaro.
Uma nota do governo Bolsonaro falava na importância em assegurar a "fluidez do comércio" com os Estados Unidos.
"O governo trabalhará para defender o interesse comercial brasileiro e assegurar a fluidez do comércio com os Estados Unidos, com vistas a ampliar o intercâmbio comercial e aprofundar o relacionamento bilateral, em benefício de ambos os países", dizia uma nota conjunta feita pelo Ministério das Relações Exteriores, pelo Ministério da Economia e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Amizade pessoal
O impasse se resolveu na base da conversa.
No final de dezembro, Bolsonaro afirmou em uma live que tinha conversado com Trump.
“Tive a grata satisfação de receber telefonema do presidente Trump, uma conversa de 15 minutos. Entendi o que ele queria e pretendia fazer e dei meus argumentos para ele. Ele se convenceu dos meus argumentos e decidiu dizer a nós todos que nosso aço e nosso alumínio não serão sobretaxados. Dessa forma a nossa política continua sendo a melhor possível”, disse.
"A amizade pessoal, a simpatia que tenho para com ele, e dele para comigo, continuam mais fortes do que nunca", disse Bolsonaro, referindo-se a Trump.
"Não aceitamos a provocação de uma reação imediata contra o governo americano", afirmou o presidente brasileiro.
Teste para Lula
O presidente Lula agora enfrenta o mesmo desafio, mas em posição de desvantagem.
O petista não tem a mesma relação pessoal que Bolsonaro tinha com Trump.
Além disso, Lula apoiou no ano passado a candidatura da democrata Kamala Harris, rival de Trump.
"Eu acho que a Kamala Harris ganhando as eleições é muito mais seguro de a gente fortalecer a democracia nos EUA. É muito mais seguro. Nós vimos o que foi o presidente Trump no final do seu mandato, fazendo aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável de acontecer nos EUA, porque os EUA se apresentavam ao mundo como um modelo de democracia. E esse modelo ruiu", disse Lula em entrevista ao canal francês TF1.
O Itamaraty já iniciou negociações para fazer Trump desistir da ideia.
Mas, desta vez, será mais difícil acalmar o americano.
"Em 2018, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio, mas depois concedeu quotas de isenção a vários parceiros comerciais, incluindo Canadá, México e Brasil. Em 2020, mesma coisa, a história se repetiu. Tudo indica que agora não irá se repetir, uma vez que o governo Lula já deu claros sinais de hostilidade. O país irá pagar o preço pela política externa ideológica de Lula e ficará fora das isenções", diz Márcio Coimbra, ex-diretor da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos.
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