Nemesis: mulheres francesas de direita tentam remodelar o feminismo
Elas levam o nome da deusa da raiva: as integrantes do Coletivo Némésis denunciam agressões sexuais de migrantes contra mulheres e acusam as feministas de esquerda de serem cegas de um olho
O coletivo feminista Némésis tem se destacado por denunciar agressões sexuais cometidas por imigrantes contra mulheres. A organização, que assume o nome da deusa grega da vingança, critica o silêncio de feministas de esquerda sobre esse tema delicado.
"Como estarão as francesas em 50 anos?"
Em janeiro de 2021, em Trocadéro, Paris, aproximadamente trinta integrantes do Némésis se reuniram. Todas vestindo niqab (véu islâmico que cobre o rosto da mulher, exceto os olhos) preto, elas desdobram um banner que questionava: "Como estarão as francesas em 50 anos?".
A manifestação rapidamente atraiu a atenção da polícia, resultando na detenção de Alice Cordier, a líder do grupo que, após oito horas sob custódia, foi liberada e imediatamente bombardeada com mensagens e chamadas em seu celular. Houve uma grande repercussão na mídia.
A ação, denominada "Dia Sem Hijab", trouxe notoriedade instantânea ao Coletivo Némésis. Em entrevistas subsequentes, Cordier e suas colegas explicaram que buscavam uma resposta ao "Dia do Hijab", um evento promovido por uma muçulmana americana para incentivar a aceitação do uso do hijab.
No contexto parisiense, os estudantes da Sciences Po haviam promovido o Dia do Hijab, o que chocou Cordier: "Não consigo entender como uma instituição que se considera símbolo da Ilustração pode apoiar algo assim".
"Que civilização você quer?"
Dois anos depois, as ativistas repetiram a manifestação no Montmartre, agora na escadaria da Basílica de Sacré-Cœur, vestidas metade de niqab preto e metade de vestes brancas.
Elas apresentam outro banner com a pergunta provocativa: "Que civilização você quer?". Essas ações são parte de uma estratégia deliberada para gerar controvérsia e chamar atenção.
Feminista de direita
As integrantes do Némésis de definem como feministas de direita. Elas afirmam que não renunciam à feminilidade em suas apresentações pessoais, ao contrário do que muitas feministas de esquerda fazem.
O Némésis foi fundado em outubro de 2019 com a intenção de abordar questões como imigração e islamismo sob a perspectiva da segurança feminina.
Feministas de esquerda criticam o coletivo por reduzir a violência de gênero às ações de migrantes e muçulmanos.
A politóloga Magali Della Sudda e outras vozes à esquerda afirmam que o Coletivo Némésis utiliza uma retórica feminina para mascarar objetivos racistas. Porém, as mulheres do Némesis refutam essa acusação e defendem que seu movimento aborda diretamente a violência enfrentada pelas mulheres devido à sua condição.
Diariamente, o Coletivo Némésis publica casos de agressões contra mulheres em sua conta nas redes sociais.
Embora nem todos os casos envolvam migrantes, as ativistas frequentemente criticam a política da esquerda e os meios de comunicação convencionais por sua suposta leniência na abordagem desses crimes.
O grupo mantém laços com outras organizações femininas na Europa e desenvolve estratégias políticas cada vez mais assertivas.
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