Uma era de “capitalismo de compadrio” está surgindo nos EUA?
Bilionários da tecnologia, empresas, lobistas – todos buscam proximidade com Trump. Mas o “crony capitalism” é prejudicial ao desenvolvimento do país
Grandes empresários estão investindo consideráveis somas para garantir acesso ao novo governo. Várias empresas estão contribuindo com valores superiores a um milhão de dólares para as celebrações da posse de Trump.
Entre os apoiadores estão magnatas da tecnologia como Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, que anteriormente enfrentaram críticas por parte do ex-presidente.
A quantia total arrecadada pode superar os 200 milhões de dólares, mas alguns doadores que contribuíram generosamente não conseguiram obter ingressos VIP para eventos próximos ao presidente.
"Crony capitalism"
A possibilidade de um ressurgimento do "crony capitalism" nos EUA tem gerado preocupações. Esse termo refere-se a um sistema onde indivíduos com conexões políticas obtêm vantagens econômicas indevidas.
Em sua despedida, o presidente Joe Biden alertou sobre o crescimento de "riqueza extrema, poder e influência" no país.
Elon Musk
Elon Musk se destacou como um dos poucos a estabelecer uma relação próxima com Trump. O bilionário investiu mais de 250 milhões de dólares em apoio à campanha presidencial e atualmente ocupa uma posição influente como conselheiro do presidente eleito.
Ele será responsável por liderar um comitê destinado a revisar os gastos federais dos EUA e poderá sugerir cortes que impactem agências reguladoras que investigam suas empresas.
Desde o dia da eleição, o valor das ações da Tesla quase dobrou, consolidando Musk novamente como o homem mais rico do mundo.
Embora sua empresa enfrente crescente concorrência no mercado global, analistas acreditam que sua proximidade com Trump trará benefícios futuros.
Intensificação do lobby
O cenário é promissor também para os lobistas, que devem intensificar suas atividades na Casa Branca nos próximos anos.
A retórica agressiva de Trump sobre tarifas comerciais impõe uma necessidade crescente de manter boas relações com ele.
Um exemplo é a fabricante John Deere, que enfrentou ameaças de tarifas elevadas após anunciar planos para transferir parte da produção para o México.
A aplicação seletiva de tarifas comerciais cria um ambiente propício para lobby político intenso. À medida que decisões discricionárias aumentam nas políticas governamentais, há um risco maior de favorecimento indevido e práticas clientelistas nas esferas econômicas.
As contribuições financeiras ao Partido Republicano também tendem a garantir privilégios aos doadores durante as gestões políticas.
Historicamente, durante a primeira administração Trump, lobistas com conexões diretas com os republicanos conseguiram obter benefícios significativos através das políticas tarifárias implementadas.
Embora seja comum ver esforços semelhantes em diversas partes do mundo para garantir favores políticos — um fenômeno presente tanto na Europa quanto na América Latina — é fundamental entender as implicações disso na economia e na competitividade das empresas no longo prazo.
Nos Estados Unidos existem mecanismos robustos que podem limitar os excessos. Contudo, especialistas advertem que a combinação do atual governo com uma economia cada vez mais concentrada pode aumentar esses riscos no futuro próximo.
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