Por que Israel tem muito a se preocupar com a Síria
Os israelenses já sabem que o caos em países ao redor costuma fortalecer grupos violentos e antissemitas
As Forças de Defesa de Israel, FDI, realizaram diversos ataques na Síria desde a noite do sábado, 7.
Assim que a conquista da capital Damasco pelo grupo terrorista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) foi ficando mais provável, caças de Israel bombardearam depósitos de armas químicas, laboratórios de mísseis e armazéns de munições.
No domingo, 8, as FDI confirmaram o deslocamento de soldados e tanques em uma zona tampão na fronteira com a Síria.
Uma publicação na rede X explicou que o objetivo era "garantir a segurança das comunidades nas Colinas de Golã e dos cidadãos de Israel".
A queda do ditador sírio de Bashar Assad, aliado do Irã, é claramente uma boa notícia, mas Israel ainda tem motivos de sobra para se preocupar.
HTS
A História ensina que, nas revoluções, quem mais tem chance de asumir o governo em seguida são os grupos armados.
É por isso que as atenções estão voltadas para o HTS e para o seu líder, Abu Mohammad Jolani (foto).
Ao derrubar Assad, o HTS alcançou seu primeiro objetivo. O próximo, segundo os terroristas, pode ser a tomada de Jerusalém.
Os membros do HTS nutrem uma retórica contra Israel, algo que eles podem ter herdado tanto de outros grupos terroristas, da cultura divulgada pelo governo Assad na Síria ou das instruções do governo turco, que os financiou.
Celebração do 7 de outubro
Quando o grupo terrorista palestino Hamas realizou um atentado no sul de Israel, membros do HTS celebraram as 1.200 mortes de israelenses.
"A ummah (comunidade islâmica) deve participar com sangue e partes do corpo na defesa da Palestina. Seu sangue deve fluir com o sangue do povo de nossa nação na Palestina, e suas partes do corpo devem se misturar com as partes do corpo dos palestinos. A ummah islâmica deve desempenhar um papel na participação para repelir a agressão e defender a nação palestina", disse o chefe religioso do HTS na Síria Abu Abdallah al Shami, em um vídeo de seis minutos publicado um dia após o atentado do Hamas.
Outro líder religioso do HTS, Abu al-Fath, nascido no Egito, afirmou: "Ó Alá, concede àqueles que travam a jihad por tua causa em Gaza a vitória sobre teu inimigo e o deles, e dá-lhes uma conquista clara".
Ele também falou que os sunitas devem celebrar os atos de outro muçulmano de "adorar e infligir dano aos inimigos de Alá".
Jolani
O líder do grupo, Abu Mohammad Jolani, deu uma entrevista para o canal americano PBS em fevereiro de 2021.
Na conversa, ele se refere a Israel constantemente como "regime sionista" e reclama da maneira com que o país trata os palestinos.
Ao ser perguntado sobre sua infância, ele disse que seu avô paterno "foi deslocado as Colinas de Golã depois que o regime sionista entrou na região em 1967".
Israel tomou as Colinas de Golã depois que a Síria atacou militarmente o país, durante a Guerra dos Seis Dias.
OLP
Além da ameaça atual do HTS, Israel já passou pela experiência de sofrer ataques de grupos armados que prosperaram durante guerras civis.
A Guerra Civil do Líbano começou com atritos entre cristãos e palestinos e durou de 1975 a 1990.
Durante esse conflito, palestinos criaram um miniestado no sul do Líbano e em Beirute. Desses pontos, membros da Organização pela Libertação da Palestina, OLP, lançaram ataques contra Israel.
Hezbollah e Houthis
Nos anos 1980, surgiu o Hezbollah no Líbano, com apoio do Irã. O grupo já nasceu com o intuito de expulsar as forças estrangeiras e destruir Israel.
Outro grupo que passou a atacar Israel após uma guerra civil foi os Houthis, no Iêmen.
Os protestos da Primavera Árabe no Iêmen, em 2011, derrubaram o presidente Ali Abdullah Saleh.
Em 2014, os houthis tomaram a capital Sanaa.
A partir daí, o Irã aumentou o apoio a esse grupo, que com isso ganhou enorme poder militar.
Hoje, o grupo terrorista dos Houthis é capaz de lançar mísseis balísticos contra Israel.
Israel sabe muito bem que o caos ao redor costuma trazer problemas.
Sendo assim, é melhor se preparar.
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