Medo ou prudência? Por que Alemanha não libera mísseis Taurus para Ucrânia?
A Alemanha, sob a liderança do chanceler Olaf Scholz, mantém sua posição de recusa quanto ao fornecimento dos mísseis Taurus para Kiev, alegando preocupações com uma possível escalada do conflito
Nas últimas semanas, a intensificação do conflito entre Rússia e Ucrânia ganhou um novo capítulo com a utilização de armamentos de longo alcance fornecidos pelo Ocidente à Ucrânia. No entanto, a Alemanha, sob a liderança do chanceler Olaf Scholz, mantém sua posição de recusa quanto ao fornecimento dos mísseis Taurus para Kiev, alegando preocupações com uma possível escalada do conflito.
O recente emprego de mísseis de médio alcance pela Rússia contra a Ucrânia foi amplamente discutido. Relatos indicam que o ditador russo Vladimir Putin teria ordenado o ataque em resposta ao uso, pela Ucrânia, dos mísseis ATACMS dos Estados Unidos e dos Storm Shadow do Reino Unido.
Essa movimentação parece reforçar as preocupações do chanceler Scholz sobre um agravamento do conflito.
Receio da escalada bélica
A resistência alemã em fornecer os mísseis Taurus se justifica por diversos motivos, entre eles o receio de uma escalada bélica.
Scholz enfatiza que a Ucrânia, até o momento, tem como alvo exclusivo as infraestruturas militares russas inacessíveis por outros meios.
Os ataques recentes com os mísseis norte-americanos e britânicos foram dirigidos contra instalações militares em regiões fronteiriças e centros de comando das forças russas.
A questão que se coloca é a potencial ameaça que essas armas poderiam representar para alvos simbólicos na Rússia, como Moscou.
Ataque a Moscou é improvável
A distância entre a fronteira norte da Ucrânia e o Kremlin é de aproximadamente 450 a 500 km. Considerando-se que o alcance dos mísseis Taurus é semelhante aos Storm Shadows britânicos — estimado em mais de 250 km — um ataque direto à capital russa seria improvável sem riscos significativos para a aviação ucraniana devido à defesa aérea adversária.
Militares especialistas, como Gustav Gressel e Nico Lange, corroboram essa visão. Eles destacam que um ataque a Moscou não apenas seria desnecessário do ponto de vista estratégico, mas também improvável dado o atual cenário tático e as capacidades operacionais dos mísseis Taurus.
Apesar disso, há preocupações sobre uma possível percepção russa de envolvimento direto da Alemanha no conflito caso ocorra a entrega desses armamentos.
Essa hipótese levanta discussões sobre até que ponto a formação de especialistas ucranianos na operação desses sistemas poderia ser interpretada como uma escalada direta.
Parlamento europeu pede o envio de mísseis
A presidente do Parlamento Europeu Roberta Metsola pediu a entrega de mísseis Taurus para Kiev em uma recente entrevista: "Essa demanda tem amplo apoio. Vamos ver se isso leva a uma mudança correspondente na política após as eleições do Bundestag", disse a Sra. Metsola.
O chanceler Olaf Scholz há muito se opõe à entrega de mísseis Taurus, enquanto os Democratas Livres e os Verdes apoiam o envio de tais mísseis para a Ucrânia.
Uma pesquisa recente da Infratest revela que 61% da população alemã se opõe ao envio dos mísseis Taurus à Ucrânia.
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