No G20 do Lula, israelenses e ucranianos não existem
Declaração segue os lineamentos da diplomacia petista e não cita esses dois povos, que têm sido atacados pela Rússia e por grupos terroristas
A declaração de 24 páginas dos países do G20 publicada durante o encontro no Rio de Janeiro fala em soberania e autodeterminação dos povos de maneira geral e, de modo mais específico, para os palestinos.
Mas não traz qualquer defesa dos ucranianos e israelenses, dois povos que têm sido atacados pela Rússia e por grupos terroristas.
O texto final, assim, replica os delineamentos da diplomacia comandada por Lula (na foto, com o chanceler russo Sergey Lavrov).
Duplo padrão moral
No item 7 da declaração, afirma-se que todos os Estados devem agir de maneira consistente com a Carta da ONU.
"Todos os Estados devem se abster da ameaça ou uso da força para buscar aquisição territorial contra a integridade territorial e soberania ou independência política de qualquer Estado", diz o texto.
O item seguinte, de número 8, pede a expansão do fluxo de assistência humanitária e o reforço da proteção de civis na Faixa de Gaza e no Líbano.
A declaração não cita em momento algum os israelenses, que têm sido alvejados por mísseis lançados pelo grupo terrorista Hezbollah, principalmente no norte de Israel.
Autodeterminação só para alguns
O Hezbollah tem como principal objetivo a destruição de Israel, mas a defesa da autodeterminação é limitada aos palestinos.
"Afirmando o direito palestino à autodeterminação, reiteremos nosso compromisso inabalável com a visão da solução de dois Estados, onde Israel e um Estado palestino vivem lado a lado, em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com o direito internacional e resoluções relevantes da ONU", diz o texto.
Fala-se ainda que as pessoas que vivem ao sul do Líbano precisam poder voltar para suas casas, mas nada se diz sobre os israelenses que foram deslocados para não serem alvejados pelos mísseis e foguetes do Hezbollah.
"Estamos unidos em apoio a um cessar-fogo abrangente em Gaza, em conformidade com a Resolução n. 2735 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e no Líbano, que permite que os cidadãos retornem em segurança para suas casas em ambos os lados da Linha Azul", diz o texto.
Ucranianos esquecidos
Ao falar da guerra na Ucrânia no artigo 9, a declaração do G20 lamenta o "sofrimento humano" de maneira genérica.
A preocupação deste trecho parece ser muito mais com as consequências que a invasão russa trouxe para o resto do mundo do que para os civis ucranianos que, assim como os israelenses, são ignorados.
"Especificamente em relação à guerra na Ucrânia, ao relembrar as nossas discussões em Nova Délhi, destacamos o sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra no que diz respeito à segurança alimentar e energética global, cadeias de suprimentos, estabilidade macrofinanceira, inflação e crescimento", diz o texto.
Brasil como anfitrião
A declaração do G20, divulgada na noite desta segunda, 18, é fruto de negociações entre os diplomatas de todos os países que participaram da cúpula no Rio de Janeiro.
Mas, ao ignorar israelenses e ucranianos, o texto também se mostra um espelho fiel da diplomacia comandada pelo presidente Lula e pelo assessor Celso Amorim.
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