Quantos votos o esquilo sacrificado renderá para Trump?
Morte de Peanut provoca debate sobre influência do Estado na vida do cidadão e abastece partidários de Trump na reta final nos Estados Unidos
Um esquilo conhecido como Peanut, que havia conquistado uma vasta audiência nas redes sociais, foi sacrificado por autoridades em Nova York, e sua morte pode interferir nos rumos da eleição dos Estados Unidos.
A ação foi o desfecho de uma operação do Departamento Estadual de Conservação Ambiental na residência de Mark Longo, localizada na zona rural de Pine City, próximo à fronteira com a Pensilvânia, e gerou uma comoção nacional que os apoiadores de Donald Trump tentam usar a favor de sua campanha.
A intervenção das autoridades foi motivada por denúncias anônimas que levaram à apreensão de dois animais mantidos como domésticos: o esquilo Peanut e um guaxinim chamado Fred.
O departamento justificou a ação mencionando riscos potenciais à saúde humana, devido à exposição à raiva, especialmente após uma pessoa envolvida na investigação ter sido mordida pelo esquilo.
Raiva
A decisão de sacrificar os animais foi comunicada na sexta-feira, 1º. As agências governamentais ressaltaram a necessidade de testar ambos os animais para raiva e alertaram indivíduos que possam ter tido contato com eles a procurarem aconselhamento médico.
Peanut, que acumulava mais de meio milhão de seguidores em plataformas como Instagram e TikTok, foi acolhido por Mark Longo, administrador do PNuts Freedom Farm Animal Sanctuary, após perder a mãe em um atropelamento na cidade de Nova York.
Longo cuidou do esquilo por oito meses antes de tentar devolvê-lo ao habitat natural. Mas Peanut retornou ferido, e, desde então, permaneceu sob os cuidados do tutor. Isso faz sete anos.
Vídeos
As redes sociais registravam momentos do esquilo interagindo alegremente com seu cuidador, e inclusive realizando pequenas proezas, muitas vezes vestido com adereços. A notícia de sua morte provocou comoção entre seguidores e defensores dos direitos dos animais.
Desde a ação em sua casa, Longo protestou em entrevistas e prometeu tomar medidas contra o que considera um uso inadequado dos recursos estatais por parte do governo de Nova York.
Em entrevista ao site TMZ, famoso por acompanhar a vida das celebridades americanas, ele reclamou de ter ficado fora de casa por cinco horas durante a ação das autoridades e declarou intenção de buscar justiça pelos animais perdidos. Ele também criticou a falta de comunicação das autoridades desde a apreensão dos animais de que cuidava.
No estado de Nova York, a posse de animais selvagens requer licenciamento específico. Longo afirmou que estava em processo para certificar Peanut como um animal educacional no período em que ocorreu a apreensão. Apesar das alegações sobre o risco de transmissão de raiva, ele contesta ter testemunhado qualquer agressão por parte do esquilo durante a operação.
Campanha republicana
O caso acabou se transformando em argumento para os críticos do controle do Estado sobre os cidadãos, e, consequentemente, abasteceu a campanha de Trump, cujo partido, Republicano, rivaliza com os democratas exatamente sobre essa questão essencial.
As redes sociais dos apoiadores de Trump foram inundadas por memes com o candidato republicano e Peanut, com a óbvia participação do bilionário Elon Musk, um dos cabos eleitorais mais ativos do ex-presidente nas redes.
“If you strike me down, I will become more powerful than you could possibly imagine” Obi PNut Kenobi pic.twitter.com/dD2Xo0fSkr
— Elon Musk (@elonmusk) November 2, 2024
"'Se você me derrubar, eu me tornarei mais poderoso do que você poderia imaginar' Obi PNut Kenobi", diz postagem de Musk com referência à saga Star Wars.
Em outro memes, Trump aparece dividindo batatas fritas com Peanut e invadindo Washington montado em um esquilo gigante. Há também vídeos feitos com IA nos quais esquilos marcham com bonés do MAGA, o movimento Make America Great Again, de Trump.
Numa campanha em que os republicanos tentam convencer seus eleitores a comparecer às urnas, a descarga de indignação provocada pela morte do esquilo Peanut não poderia ter vindo em momento mais oportuno para Trump.
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