A nova diplomacia de Javier Milei: "farol da liberdade"
O presidente e sua irmã Karina pretendem que a Argentina seja um exemplo para o mundo em alguns temas, como a defesa da família
A demissão da ministra de Relações Exteriores da Argentina, Diana Mondino, na quarta, 30, expôs a interferência do presidente Javier Milei e de sua irmã, Karina, na diplomacia.
Karina (à esquerda na foto, ao lado de Diana) é secretária-geral da Presidência.
A diplomacia, por certo, é determinada pelo Executivo, assim como no Brasil ou nos Estados Unidos.
Mas o que tem causado problemas na Argentina é o tom mais ideológico de Milei e sua irmã, o que tem gerado resistência entre os quadros mais profissionais na área de relações internacionais.
Diana foi demitida horas depois de a Argentina votar contra o embargo econômico a Cuba.
A Argentina tradicionalmente adotava essa postura, como uma maneira de ganhar apoio de outros países nas votações sobre a reivindicação argentina pelas ilhas Malvinas, ou Falklands.
Os diplomatas mantiveram o rumo e votaram contra o embargo, o que gerou uma reação forte e a demissão de Diana.
"A forma como demitiram ela foi muito grosseira. Sua saída já estava decidida há muito tempo. Procurou-se apenas uma desculpa para apresentar sua saída à mídia", diz o cientista político argentino Patricio Giusto.
"Mondino já havia perdido a confiança de Milei, mas principalmente de sua irmã Karina. O Ministério estava sofrendo a intervenção de diversas pessoas nomeadas por Karina. A situação de Mondino ficou insustentável. Mas ela não merecia ser expulsa daquela forma humilhante", diz Giusto.
Farol da liberdade
Milei e sua irmã querem fazer com que a Argentina seja um "farol para o mundo" em temas como a defesa da liberdade e da família tradicional.
Em setembro, o presidente proferiu um discurso na Bolsa de Valores em Nova York com essa ideia.
"A Argentina está se levantando, abraçando as ideias de liberdade. Estamos empenhados em criar o melhor governo da história. Estamos empenhados em ser um farol de luz para as ideias de liberdade, para que todos deixem de lado as ideias socialistas e abracem novamente as ideias de liberdade, e estamos convencidos de que conseguiremos isso", disse ele.
Neste mês de novembro começará a funcionar a Fundação Faro (farol, em espanhol), um think tank que terá como missão formar quadros para o partido A Liberdade Avança, do presidente.
O projeto é apoiado pelo presidente e por sua irmã Karina.
Em outubro, a Argentina foi o único país do G20 que não apoiou uma declaração sobre "igualdade de gênero e empoderamento das mulheres", assinada no Rio de Janeiro.
Embora não se conheça o posicionamento de Diana Mondino nesses temas, uma vez que ela sempre se colocou publicamente a favor do governo, é certo que a nova orientação gerou desgastes com ela e com o corpo diplomático, o que levou a sua demissão.
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Comentários (2)
Xico Só
2024-11-02 15:49:02Fogo no fiofó dos manés portenhos história no do Millei é churrasco de chorizzo.
cri
2024-11-01 16:59:56A opção de a Argentina ser um "farol para o mundo" no que se refere à liberdade e defesa da família fincada nos princípios cristãos, merece aplauso. No entanto, o método para chegar a ser o "farol do mundo" como querem, também conta. Dependendo do caminho que adotem, o mundo pode ignorar essa pretensa "iluminação".