Dono da Petrópolis usou lei criticada desde a sanção para lavar dinheiro
Alvo da Operação Rock City, nova fase da Lava Jato deflagrada nesta quarta-feira, 31, o presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria (foto), se valeu de uma lei de 2016, já criticada por integrantes da operação e por auditores fiscais, para lavar dinheiro ilegal que era mantido no exterior: o Programa de Regularização Cambial e Tributária,...
Alvo da Operação Rock City, nova fase da Lava Jato deflagrada nesta quarta-feira, 31, o presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria (foto), se valeu de uma lei de 2016, já criticada por integrantes da operação e por auditores fiscais, para lavar dinheiro ilegal que era mantido no exterior: o Programa de Regularização Cambial e Tributária, conhecido como lei da repatriação.
A lei foi reprovada pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil logo depois de sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Mais tarde, a Lava Jato constatou que pessoas investigadas estavam usando o programa para repatriar milhões de reais usados no pagamento de propinas. A lei permitiu que bens e dinheiro não declarados no Brasil fossem regularizados e em troca de pagamento de multas e impostos equivalentes a 30% do valor declarado.
Foi por meio da lei que o presidente do grupo Petrópolis conseguiu repatriar 1,3 bilhão de reais que estavam em contas offshore. Algumas dessas contas receberam valores de offhsores controladas pela Odebrecht e por operadores ligados ao pagamento de propinas em troca da contratação da empreiteira para a construção de navios-sonda da Petrobras.
Segundo documentação enviada pela Suíça para a Lava Jato, foram identificadas 38 empresas offshore distintas com contas bancárias no EFG Bank, em Lugano, controladas por Faria. Mais da metade dessas contas permanecia ativa até setembro de 2018.
A Rock City já tem detalhes de algumas operações realizadas entre a Odebrecht e o Grupo Petrópolis no exterior. Walter Faria usou uma conta no Antigua Overseas Bank, em Antigua e Barbuda, em nome da Legacy International Inc., para receber 88,4 milhões de dólares da construtora, de março de 2007 a outubro de 2009. De agosto de 2011 a outubro de 2014, nas duas contas mantidas no EFG Bank, na Suíça, em nome das offshores Sur trade Corporation, e Somert Montevideo, Faria recebeu da Odebrecht, respectivamente, 433,5 mil dólares e 18 milhões de dólares.
Entre setembro de 2006 e novembro de 2007, Júlio Gerin de Almeida Camargo e Jorge Antônio da Silva Luz, operadores encarregados de intermediar subornos relacionados aos navios-sonda da Petrobras, depositaram 3,4 milhões de dólares nas contas offshore Headliner LTD e Galpert Company S/A, também do presidente do Grupo Petrópolis.
A Odebrecht realizou ainda operações subfaturadas com o grupo cervejeiro, como a ampliação de fábricas, a compra e venda de ações da empresa Electra Power Geração de Energia, aportes de recursos para investimento em pedreira e contratos de compra, venda e aluguel de equipamentos.
Como compensação, segundo as investigações da Rock City, o Grupo Petrópolis disponibilizou pelo menos 208 milhões de reais em espécie à Odebrecht no Brasil, de junho de 2007 a fevereiro de 2011. Além disso, as empresas Praiamar e Leyroz Caxias, também do grupo, foram usadas pela Odebrecht para realizar, entre 2008 e 2014, pagamentos de propina disfarçadas de doações eleitorais, no total de 121,5 milhões.
A Justiça Federal de Curitiba ordenou a prisão preventiva de Faria, e a prisão temporária de cinco executivos do grupo. Além disso, 33 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em empresas do grupo e residências localizadas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
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Comentários (10)
ANTONIO
2019-08-01 09:56:14todos sabíamos que qualquer lei sancionada sob a égide da Santa Dilmãe seria para lavar dinheiro... eis aí mais uma prova cabal
Leandro
2019-08-01 09:35:38Pode procurar q vao encontrar muito mais maracutaias desse tipo e outras. Deixa ele preso por um bom tempo q ele fala.
Odete6
2019-08-01 05:30:00Com todas essas "trabalhosas" manobras espúrias, "waltinho fariiiiiiiia" "mas não fez", tudo se encaixar tranquila e perfeitamente até o fim, como queria e como expressa essa cara feia, repulsivamente cínica e debochada de espertalhão, não é mesmo "Waltinho "fariiiiia""?! Ééééé....mas não deu certo não!!!....RSRSRSRS...."waltinho "fariiiiia"" vai para a cadeia passar uma boa temporada.... porque, por mais bandidos que contenha, esse é também o PAÍS DA GLORIOSA LAVA JATO!!!!!!
Jazz
2019-07-31 18:06:46Cadeia nesses vagabundos. Perda do controle acionário da empresa.
Eduardo
2019-07-31 17:23:34E não deu certo
Rômulo
2019-07-31 17:15:25🇧🇷 Sempre tive certeza dos objetivos dessa lei, ERA PURA LAVAGEM DE DINHEIRO.
MARCIO
2019-07-31 14:56:45Alguém tem dúvida que a tal lei da repatriação foi feita sob medida pela Dilma para lavar o dinheiro sujo dos quadrilheiros, trazendo-o ao Brasil com deságio (imposto) de 30%? Como era tudo roubado mesmo, sobrou 70% limpinho. Crime perfeito.
Rogério
2019-07-31 14:51:07Cláudio Dantas, cadê você??!!!
Vilma Brito
2019-07-31 13:30:22PAULO, infelizmente essa é a nossa realidade. O BRASIL continua num belo negativo que só mudará na medida que nós, eleitores optarmos por interagir com a solução. Precisamos rever todas as leis elaboradas a partir da ANISTIA e cobrar mudanças estruturais que precisam ser estabelecidas, como por exemplo, os devedores serem judicializados pelo tamanhos das dívidas ou dos valores dos respectivos ilícitos. Quanto tempo ainda, os que tem menos, suprirá os delitos?
Henrique
2019-07-31 13:16:03E a Lava-Jato continua!! Senta a pua!