Os nanicos também debatem nos EUA
Passou despercebido, até pela imprensa americana, um debate eleitoral envolvendo candidatos a presidente do país. No último dia 12, três deles — nenhum deles chamados Donald Trump ou Joe Biden — subiram a um palco em Las Vegas para debater ideias e, principalmente, mostrar como candidaturas fora do duopólio de republicanos e democratas se organizam....
Passou despercebido, até pela imprensa americana, um debate eleitoral envolvendo candidatos a presidente do país. No último dia 12, três deles — nenhum deles chamados Donald Trump ou Joe Biden — subiram a um palco em Las Vegas para debater ideias e, principalmente, mostrar como candidaturas fora do duopólio de republicanos e democratas se organizam.
Dos sete candidatos convidados pela FreedomFest, quatro recusaram: nem Trump nem Biden, os dois principais; assim como Robert Kennedy Jr. —apontado como a principal terceira via deste ano — e Cornel West, filósofo que se candidatou como independente.
Então, por uma hora meia, debateram Chase Oliver, do Partido Libertário; Jill Stein, do Partido Verde; e Randall Terry, do Partido Constitucional.
O tema principal? Os partidos Republicano e Democrata.
Primeiro a falar, Chase Oliver defende um governo local, baseado em um poder de ação maior da população com base no livre mercado. Ele foi o primeiro a criticar o sistema duopolista de partidos como parte da causa dos problemas do país.
"Eu sou um candidato que que luta por soluções pacíficas, por pacíficas trocas de ideia, sem precisar usar violências para avançar ideias. Isso é coisa de dois partidos— esse sistema que insiste em usar a força e a violência do governo para enfiar suas ideias no público americano", disse Oliver, de 38 anos. "Acho que o público americano faz um trabalho melhor decidindo por eles mesmos."
Jill Stein — que já foi candidata dos verdes em 2012 e 2016 —fez algo que nem Biden nem Trump fizeram: apresentou propostas. Por mais que sejam até certo ponto radicais para o americano médio: cortar pela metade o orçamento militar do país (que neste ano é de 4,7 trilhões de reais); a economia permitiria uma versão melhorada do sistema de saúde que existe desde o governo Obama; e uma intervenção no sistema habitacional, com a construção de moradias sociais.
Randall Terry se notabilizou pela criação de um grupo antiaborto que tinha como estratégia impedir (fisicamente) a entrada de mulheres em clínicas para a operação. Foi esse o tema que ele preferiu começar seu debate. "Uma das razões que estamos em tanto caos neste país é por causa do sangue que está chorando a Deus", disse o ativista cristão. Seu lema? "Defenda as Crianças. Derrote o candidato democrata. Destrua o partido democrata."
As regras para participação em um debate com os candidatos republicanos e democratas —definidas por ambos— inviabilizam que outros candidatos menores apareçam na TV. Atualmente, apenas nomes com mais de 15% em diferentes pesquisas podem participar, o que tem deixado até Robert Kennedy Jr., o mais bem cotado deles, de fora. Sem espaço, o debate dos nanicos nem ao menos foi um sucesso virtual: em uma semana, ele foi visto por menos de sete mil pessoas.
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