Entenda o que são as Leliqs, alvo da segunda fase do governo Milei
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo (à esquerda na foto), e o presidente do Banco Central, Santiago Bausili (à direita na foto), anunciaram as primeiras medidas do governo de Javier Milei para a segunda fase do mandato. Os anúncio se deu em coletiva de imprensa no início da noite desta sexta-feira, 28 de...
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo (à esquerda na foto), e o presidente do Banco Central, Santiago Bausili (à direita na foto), anunciaram as primeiras medidas do governo de Javier Milei para a segunda fase do mandato.
Os anúncio se deu em coletiva de imprensa no início da noite desta sexta-feira, 28 de junho.
Como afirmou Caputo, a primeira fase do governo se centrou em cortar a emissão de pesos do Banco Central para pagar as dívidas do governo nacional.
Os primeiros quase sete meses da gestão Milei foram marcados por políticas de cortes de gastos e reajustes monetários que, no curto prazo, estancaram a inflação.
Esse período de emergência se encerrou com a aprovação pelo Congresso do primeiro pacote de reformas do governo, nas primeiras horas desta sexta.
Agora, o foco de Milei será na política monetária, em específico, nas dívidas do Banco Central.
Além de emitir pesos para sustentar os déficits da Casa Rosada ao longo dos anos, o BC argentino também emitiu títulos de dívida, dentre os quais os mais famosos são as Leliqs, ou "Letras de Liquidez".
Caputo anunciou que a dívida do Banco Central será transferida ao Tesouro, ou seja ao governo.
Portanto, ela passará a contabilizar nos balanços da Casa Rosada.
A expectativa é que a medida flexibilize a atuação do BC.
"O Banco Central pode fixar a taxa [básica] de juros sem se preocupar sobre o dano que pode causar sobre seu próprio balanço", disse Bausili na coletiva desta sexta.
A taxa básica de juros, conhecida como Selic no Brasil, é o que um BC define como base para a definição das taxas de juros de todo o restante da economia.
Para conter inflação, um Banco Central pode aumentar a taxa de juros, o que torna empréstimos e tarifas de cartão de crédito, por exemplo, mais caros. Isso, por sua vez, desestimula o consumo e, logo, freia a inflação.
Como o próprio BC argentino deve muito a bancos privados locais, se ele aumenta a taxa básica de juros, ele encarece a sua própria dívida.
O que são as Leliqs?
As Leliqs são títulos que o Banco Central argentino vende a bancos privados para conseguir pesos sem precisar emitir mais moeda.
Na prática, elas são emissão futura de peso — quando um banco privado liquida a sua Leliq, o BC argentino é forçado a emitir mais pesos, incluindo juros.
Em um cenário teórico, em que todas as Leliqs e outras dívidas do Banco Central fossem pagas, a base monetária, quer dizer, a quantidade de pesos circulando na economia argentina mais que triplicaria.
Essa improvável, mas não impossível, multiplicação de pesos catapultaria a inflação.
Entretanto, desde 2020, as Leliqs tem conseguido exercer sua função de reduzir a base monetária ao arrecadar recursos sem emitir mais moeda.
Qual é a diferença entre a dívida do governo e do BC?
Quando Milei assumiu a Presidência, em dezembro, a dívida do governo beirava os 400 bilhões de dólares e sua maior parte, mais de dois terços, estão em moeda estrangeira.
Em contrapartida, a dívida do BC com os bancos privados chegava a 30 bilhões de dólares e se paga em pesos.
As dívidas do governo em moeda estrangeira tem prazos de vencimentos mais largos. Os próximos vencimentos, sem incluir juros, se dão apenas a partir de 2025.
Em compensação, as dívidas em peso, que tem juros mais altos, visto a volatilidade da moeda, são cobradas a prazos mais curtos.
No caso das Leliqs, elas são pagas em 28 dias.
Apesar de inexistentes no Brasil, títulos de dívidas de Banco Centrais não são tão incomuns como pode aparecer.
Na América do Sul, os BCs de Chile e Uruguai também os emitem.
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