Como Ramaphosa conseguiu se manter no poder na África do Sul
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, foi reeleito nesta sexta-feira, 14 de junho, para um segundo e último mandato de cinco anos. Ramaphosa conseguiu permanecer no poder, apesar do fim da hegemonia de seu partido, o Congresso Nacional Africano (CNA), após as eleições gerais de 29 de maio. O legenda perdeu maioria absoluta nas eleições...
O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, foi reeleito nesta sexta-feira, 14 de junho, para um segundo e último mandato de cinco anos.
Ramaphosa conseguiu permanecer no poder, apesar do fim da hegemonia de seu partido, o Congresso Nacional Africano (CNA), após as eleições gerais de 29 de maio.
O legenda perdeu maioria absoluta nas eleições gerais, conquistando 40,1% do eleitorado, segundo dados oficiais divulgados neste domingo, 2 de junho.
O CNA obteve 159 cadeiras das 400 na Assembleia Nacional da África do Sul. É uma perda significativa em relação à última eleição, quando conquistou 230 assentos.
Essa é a primeira vez que o partido de Nelson Mandela não tem maioria simples por conta própria no Congresso.
O CNA controla o parlamento sem a necessidade de alianças desde o fim do Apartheid.
Para manter-se no poder, Ramaphosa precisou, claro, formar uma coalizão. Ele a selou na manhã da sexta com o partido Aliança Democrática.
Até então principal partido da oposição, a Aliança Democrática, liderado por John Steeinhuisen, angariou 21,7% dos votos no pleito de 29 de maio.
Por fim, o uMkhonto we Sizwe (MK), um novo partido liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, conseguiu 14,6%. O Combatentes da Liberdade Econômica (CLE) teve 9,5%.
Na votação de sexta, realizada pelo recém-empossado parlamento nacional, Ramaphosa recebeu 283 votos, de um total de 339 congressistas.
O segundo colocado, Julius Malema, do CLE, obteve apenas 44.
Pouco antes da votação nesta sexta, Ramaphosa selou uma coalizão inédita com o partido Aliança Democrática.
O que explica a queda do CNA?
A série de fatores que causou a queda do partido, um dos principais do continente, inclui uma economia em frangalhos, sem crescimento real desde 2008 e com incríveis 32,1% de desemprego entre a população ativa. Com quase 55% da população vivendo abaixo da linha da pobreza, segundo o Banco Mundial, a sensação da maioria negra no país é de decepção com o partido, que passou a colecionar escândalos de corrupção desde que Jacob Zuma assumiu o cargo, em 2009. Figura forte dento do CNA, Zuma resistiu até 2018 no cargo, quando foi afastado e Cyril Ramaphosa passou a ocupar o cargo que mantém até hoje.
Neste ponto, o estrago estava feito. A imagem do partido e seu poder hegemônico passou a ser tão contestada que até mesmo a figura de Nelson Mandela, líder histórico do partido e considerado o libertador do país do regime de apartheid, é revisitada com viés negativo hoje na África do Sul.
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