Vitória de Le Pen gera racha na direita francesa
A declaração de Éric Ciotti, o presidente do partido francês Les Republicans (Os Republicanos), de que a legenda buscaria uma aliança com o Reagrupamento Nacional (RN) de Marine le Pen (foto), causou um racha na tradicional legenda de direita do país. Nesta quarta-feira, 12, um dia após a fala de Ciotti, o partido o destituiu do...
A declaração de Éric Ciotti, o presidente do partido francês Les Republicans (Os Republicanos), de que a legenda buscaria uma aliança com o Reagrupamento Nacional (RN) de Marine le Pen (foto), causou um racha na tradicional legenda de direita do país. Nesta quarta-feira, 12, um dia após a fala de Ciotti, o partido o destituiu do cargo.
"Acabamos de decidir pela exclusão de Éric Ciotti de nossa família política, por unanimidade. Ele não faz mais parte dos Republicanos", limitou-se a escrever o partido no X (antigo Twitter).
A decisão foi tomada em uma reunião de emergência pelo partido. Ciotti, no entanto, não aceitou a conclusão: "Eu sou e continuo senado presidente de nossa formação política, eleito pelos nossos membros", escreveu.
O estopim da discussão ocorreu no domingo, 9, quando o partido de Le Pen, mais radical e à direita no espectro político, venceu as eleições para o parlamento europeu. A vitória foi de lavada — com 30 cadeiras, terá mais que o dobro das 13 conseguidas pela Renascença, bloco do presidente Emmanuel Macron.
No mesmo dia, Macron dobrou a aposta e dissolveu o parlamento para novas eleições, três anos antes do esperado. O cálculo do presidente em chamar eleições para antes dos Jogos Olímpicos é que o eleitor francês não terá a coragem de tomar, nacionalmente, a decisão que tomou para o parlamento do bloco continental.
O primeiro problema dessa estratégia de Macron apareceu na terça, com a declaração de Ciotti que sua legenda —que perdeu cadeiras e terá um quinto do tamanho do Reagrupamento Nacional no parlamento europeu — se alinharia com o partido de Marine Le Pen. Os Republicanos, que viram seu poder declinar desde os governos de Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, enxergaram na fala não apenas uma reação desmedida de Ciotti, como uma verdadeira humilhação política — e o sacaram do cargo.
O que não muda o fato de que o partido de Marine Le Pen, com um discurso forte anti-imigração e mais cético à União Europeia, ainda é a favorita a levar a maioria da Assembleia Nacional, o que embolaria ainda mais a política francesa. As primeiras pesquisas apontam, em sua maioria, uma vantagem de 10 pontos percentuais do RN sobre a aliança dos Verdes, que está em segundo lugar. A eleição será realizada em dois turnos, em 30 de junho e 7 de julho.
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