Funcionários públicos são obrigados a votar na Rússia
Com todos os candidatos de oposição barrados, exilados ou mortos, ninguém tem dúvidas de que o presidente Vladimir Putin será o vitorioso nas eleições que ocorrem entre esta sexta, 15, e o domingo, 17. Mas surpreendentemente, em diversos lugares, pessoas fizeram filas para votar desde cedo nesta sexta. São os funcionários públicos. Ao chegar para...
Com todos os candidatos de oposição barrados, exilados ou mortos, ninguém tem dúvidas de que o presidente Vladimir Putin será o vitorioso nas eleições que ocorrem entre esta sexta, 15, e o domingo, 17.
Mas surpreendentemente, em diversos lugares, pessoas fizeram filas para votar desde cedo nesta sexta.
São os funcionários públicos. Ao chegar para o trabalho de manhã, eles foram orientados a ir votar e depois retornar ao expediente.
A coerção de funcionários públicos para desempenhar rituais cívicos é muito comum em Cuba e na Venezuela. Nesses países, deixar de participar em uma manifestação ou fazer um protesto contra a ditadura provavelmente leva à perda do emprego público.
Na Rússia, esse comportamento foi notado pela agência de notícias Agenstvo.
Eles identificaram 457 fotos publicadas na rede social VKontakte de pessoas sozinhas ou com suas equipes de trabalho, saindo do local de votação (foto).
As fotos são de times que trabalham em escolas, creches, instituições culturais, esportivas e em administrações locais. Empregados de grandes empresas estatais como a Gazprom, a Rostec e a Russian Railways também divulgaram suas imagens.
A agência observa que, nas últimas eleições federais para o Parlamento (Duma), em 2021, esse recurso não foi tão utilizado. Daquela vez, a agência conseguiu encontrar apenas 31 fotos de funcionários públicos após a votação.
Após conquistar mais um mandato de seis anos nestas eleições, Putin poderá ultrapassar o tirano Josef Stalin em tempo no poder. Putin está há quase 25 anos no Kremlin. Stalin ficou por 29 anos.
Na cédula de hoje, Putin aparece ao lado de Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, de Leonid Slutsky, do Partido Liberal Democrático, e de Vladislav Davankov, do Novo Partido do Povo.
Mas todos eles são o que se conhece por "oposição sistêmica". Eles jamais criticam o governo. Ao se colocar como uma oposição formal, eles são úteis ao regime que quer parecer democrático, embora tudo não passe de um jogo de cena. Aqueles que podiam ser considerados como oposição de verdade apresentaram listas com 100 mil assinaturas, mas foram rejeitados pela comissão eleitoral.
A agência de notícias russa Tass divulgou recentemente uma pesquisa dizendo que Putin deve vencer o pleito com 82% dos votos. Sem concorrentes da oposição e obrigando os funcionários públicos a votar, o presidente certamente conseguirá um número muito parecido com esse.
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