O capitalismo liberta a mulher, e o sucesso de Barbie é a prova
Esta foi a semana mais rosa-pink de todo o ano e talvez de todo o século 21. O orgulho em vestir rosa esteve presente em todas as faixas etárias, com mulheres de diferentes cores e biotipos aderindo à tendência. Além disso, centenas de marcas como Zara, Airbnb, Starbucks, Burger King e Go Coffee apostaram na...
Esta foi a semana mais rosa-pink de todo o ano e talvez de todo o século 21. O orgulho em vestir rosa esteve presente em todas as faixas etárias, com mulheres de diferentes cores e biotipos aderindo à tendência. Além disso, centenas de marcas como Zara, Airbnb, Starbucks, Burger King e Go Coffee apostaram na moda do momento e lançaram produtos ou coleções especiais. O que está por trás do estereótipo da boneca mais famosa do mundo, na verdade, representa muito mais na história das mulheres modernas.
Até a Barbie, criada em 1958, as bonecas eram em sua maioria representações de bebês e crianças, incentivando em quem brincava o senso de cuidado e outros aspectos ligados à maternidade. Barbie, por sua vez, surge como uma quebra de paradigma — tendo diversas profissões, sendo dona de casas e carros de luxo, usando roupas estilosas e marcantes, o que trouxe uma nova perspectiva de sonho para as meninas.
É claro que, além da forte personalidade, a Barbie é a mais pura representação da feminilidade. Usando peças rosa e cheias de brilho, ela personificava o ápice do ser feminino. No entanto, com o passar do tempo, as mulheres começaram a perceber que elementos considerados femininos eram frequentemente associados à fragilidade. Quantas mulheres não decidiram usar calças em vez de saias em ambientes de trabalho mais masculinos? Quantas vezes já abrimos mão do rosa-pink por considerá-lo muito chamativo? A ideia de ser feminina parecia não se encaixar completamente nos ambientes masculinos dos quais decidimos fazer parte.
E, ao mesmo tempo, as ondas de feminismo que iriam ganhando força, especialmente o feminismo marxista, vinham nos dizendo que a feminilidade é sinônimo de fraqueza e é consequência da sociedade capitalista que vivemos, merecendo ser combatida. O pensamento é pautado na ideia de que, para acabar com a opressão de gênero, é preciso acabar com a sociedade de classes em que se vive. Para essa corrente, o capitalismo é o que oprime a mulher e, sob essa perspectiva, os símbolos da feminilidade trazidos pelo capitalismo também devem ser combatidos. Salto alto, maquiagem, acessórios demasiados e bolsas são itens capitalistas que, de acordo com esse ponto de vista, oprimem as mulheres. E, mesmo sem conhecer a fundo a teoria que pautava o feminismo popular ganhando força, as mulheres que optavam por essa corrente deixaram sua feminilidade cada vez mais de lado.
Ora, mas não foi justamente a sociedade capitalista que libertou as mulheres em tantos aspectos? No passado, nos Estados Unidos, as mulheres casadas eram consideradas propriedade de seus maridos. Os maridos tinham controle sobre os corpos e propriedades das esposas, que não possuíam direitos civis. As leis eram baseadas na crença de que as mulheres eram inferiores aos homens ,e isso levou a uma série de restrições. As mulheres só conseguiram a verdadeira liberdade quando conquistaram o direito à propriedade. Isso lhes deu a capacidade de assinar contratos e possuir bens próprios, o que concedeu a elas mais controle sobre suas vidas. Foi na verdade o capitalismo que proporcionou às mulheres a oportunidade de serem economicamente independentes, atingindo maior liberdade pessoal e política.
É exatamente isso que a Barbie nos mostra. O sucesso da pré-estreia do filme (na foto, Margot Robbie interpreta a boneca) é uma poderosa representação do papel do capitalismo na libertação das mulheres. Toda a repercussão se deve ao retorno da boneca mais icônica, que personifica a independência e a liberdade feminina. A Barbie é dona do próprio destino, pode escolher qualquer profissão, não depende do Ken para nada e utiliza acessórios que simbolizam a sua personalidade única. É uma verdadeira inspiração para as mulheres que desejam trilhar seu próprio caminho e quebrar barreiras, reforçando a ideia de que o capitalismo é ferramenta fundamental para a liberdade de gênero.
E o sucesso vai além. O lançamento bombástico do filme está fazendo com que as mulheres se reconectem com sua feminilidade sem medo de serem julgadas. Está resgatando a memória das mulheres que, hoje adultas, costumavam brincar de Barbie na infância e imaginavam ser o que quisessem ser, e que acreditam ocupar esses espaços sendo femininas. Essas mesmas mulheres estão vestindo rosa sem medo e lembrando que a feminilidade é uma das maiores aliadas da força. Devemos lembrar que nem toda mulher precisa ter a feminilidade exacerbada para ser forte, mas o recado dado é que não precisamos nos envergonhar de sermos mulheres.
Anne Dias, advogada, é presidente do LOLA Brasil
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (4)
Antonio
2023-07-27 05:01:32Será que vão fazer um filme da Susie?
Caleidoscópio
2023-07-25 19:23:45Perfeito. Parabéns. Mulher tem que ser feminina e ciente de seu poder.
Renata
2023-07-25 16:14:36Todo esse “barbieismo” em torno do filme não poderia ser mais brega.
KEDMA
2023-07-25 09:17:49Na minha infância brinquei com a Susie.