O Ministério da Defesa pariu um rato
Auditoria não encontrou sinal de fraude na votação, mas prolonga novela ao recomendar que o TSE crie uma nova comissão para verificar se um "código malicioso" foi inserido nas urnas
Trinta e sete dias depois da realização do primeiro turno e nove dias depois do término das eleições, o Ministério da Defesa pariu um rato ao divulgar, nesta quarta-feira, seu relatório de fiscalização da votação, sem nenhuma menção a fraudes ou qualquer outra ocorrência que possa ter influenciado o resultado da corrida presidencial.
Segundo o documento, "as urnas não apresentaram anomalias". Infelizmente, isso ainda não deve encerrar de uma vez por todas a trama conspiratória que mantém os bolsonaristas fanáticos em vigília.
O camundongo dos militares bolsonaristas veio ao mundo grávido com um derradeiro enigma: será, oh dúvida cruel, que o fato de os computadores do TSE terem acessado um ambiente de rede (o que não é o mesmo que a internet) no momento de compilação do código-fonte das urnas não permitiu que pérfidos hackers infectassem o sistema com um comando do tipo "sacanear o Bolsonaro"?
Tendo em vista essa possibilidade - que é somente isso, uma possibilidade teórica, sem nenhum indício de que seja fato - o Ministério da Defesa recomenda que o TSE crie uma comissão "integrada por técnicos renomados da sociedade e por técnicos representantes das entidades fiscalizadoras", com o intuito de verificar, mais uma vez, se não havia um código malicioso nas urnas.
Pouco importa que o TCU e a OAB, também eles fiscalizadores das eleições, tenham atestado que tudo ocorreu conforme manda o figurino. Quem acredita em teorias da conspiração não precisa mais do que esse fiapo de dúvida oferecido pelos militares para continuar agarrado à fantasia de que as eleições foram roubadas.
O relatório divulgado nesta quarta é a senha para que continuem as mobilizações em frente a quartéis e para que o Brasil continue preso a uma discussão estéril, enquanto há coisas importantes que demandam atenção. Por exemplo: o governo eleito negocia com o Congresso uma licença para gastar cerca de 200 bilhões no ano que vem, sem entregar sequer a mais básica das contrapartidas – a definição da regra fiscal que pretende adotar em substituição ao falecido teto de gastos.
O Ministério da Defesa afirma que seu trabalho de fiscalização do processo eleitoral foi pautado tão somente "pela legalidade, pelo trabalho técnico altamente especializado e pela colaboração com a Justiça Eleitoral". Seria mais fácil acreditar se o histórico dos militares encastelados no governo não fosse tão ruim nessa história.
Na segunda-feira, dois dias antes de divulgar seu relatório, o Ministério da Defesa criou um suspense. Anunciou no Telegram, o aplicativo de mensagens onde a bolha de informação bolsonarista mais cresce, que a papelada viria hoje a público. Só faltou rufar os tambores. Mas esse foi apenas o último gesto teatral - e político - de um ministério que assistiu passivamente ao episódio em que Bolsonaro, entre o primeiro e o segundo turnos, lançou dúvidas sobre o processo eleitoral numa entrevista para a imprensa estrangeira; que se envolveu em rusgas com o TSE, exigindo acesso a informações que já estavam à disposição de quem quisesse vê-las; e que acenou com a hipótese de uma "apuração paralela" da votação.
O desejo de alongar a tensão em torno das eleições não deve ser atribuído às Forças Armadas, mas ao Ministério da Defesa. Em menos de dois meses, esses militares deixarão o governo, juntamente com Bolsonaro, e o país poderá se ocupar de problemas reais.
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Comentários (10)
JULIANA
2022-11-14 08:59:11Tomara! De qqr modo está sendo um bimestre eterno...
Alvaro Pereira de Moraes Filho
2022-11-10 22:07:48Impossível conferir o resultado das urnas. Conferir com o que? As urnas com elas mesmas! Se uma urna se perder, não há como reproduzir os votos daquela seção. Se não fosse triste, seria engraçado.
Sonia
2022-11-10 22:03:40Triste fim dessa revista!! Eu q acompanhei desde o seu primeiro número. Saber q apoia o sapo barbudo condenado
Marcello
2022-11-10 17:20:00Forças armadas não devem se envolver em processo eleitoral! Esta não é a função delas!
Dulce
2022-11-10 17:11:25Que tédio! Isso não acaba nunca????
Renata
2022-11-10 16:27:16Mas alguém em sã consciência realmente achou que isso daria em alguma coisa? Só sendo mesmo muito ingênuo.
MARIO CAVALCANTI GAMEIRO DE MOURA
2022-11-10 14:55:41Continuando.......votei no BOZO sim, pois foi a ESCOLHA DE SOFIA, foi o voto no menos ruim. Só me resta agora vim a público agradecer a população como um todo que deixou não só a mim mais também 38 milhões, sem condições de escolha, pois escolheram o que tinha de pior para o 2o turno. Sou e continuarei sendo ANTI-PT e não espero grande coisa pois o PT ou LULARÁPIO (no final são a mesma coisa) estão pior do que já foram - CÍNICOS, ARROGANTES e SOBERBOS.
MARIO CAVALCANTI GAMEIRO DE MOURA
2022-11-10 14:42:40Puxa vida, o BOZO tá conseguindo até ridicularizar as FAs, que gozam de prestígio junto a população envolvendo-as nessa panaceia, e pior, muito desses milicos tão fechados com esse maluco. O problema, como disse o Hamilton Mourão, foi dá de ombros quando descondenaram um condenado por 9 juízes, pois de fato LULA É BANDIDO e não poderia concorrer nas eleições, mas o delírio desse IMBECIL era tão grande que se achava maior do que realmente é. Sou PT NUNCA MAIS, mas longe de mim ser um BOLSOMINION.
Basilio
2022-11-10 13:24:39Esses milicos imbecís, logo perderão a boquinha de gordos vencimento e irão para a reserva. São um babacas de republiquetas de bananas. Se a Bolívia invadir o Brasil eles são os primeiros a fugirem iguais ratos de navio se afundando. Triste militares de mer..
Marcia
2022-11-10 13:05:08Se um bolsominion acha que houve fraude então que comece sua investigação desde que as urnas eletrônicas foram implantadas. Não só agora que seu MiNTo perdeu. Simples