Dependência do exterior e ameaças internas adiam governo definitivo do Talibã
Por semanas, desde que tomou o poder em Cabul, no dia 15, o grupo terrorista Talibã vazou os nomes dos possíveis integrantes do seu futuro governo no Afeganistão. O clérigo Haibatullah Akhundzada seria o líder supremo. O mulá Abdul Ghani Baradar seria o primeiro-ministro. Contudo, quando o porta-voz Zabihullah Mujahid (foto) anunciou o novo governo nesta terça, 7, descobriu-se...
Por semanas, desde que tomou o poder em Cabul, no dia 15, o grupo terrorista Talibã vazou os nomes dos possíveis integrantes do seu futuro governo no Afeganistão. O clérigo Haibatullah Akhundzada seria o líder supremo. O mulá Abdul Ghani Baradar seria o primeiro-ministro.
Contudo, quando o porta-voz Zabihullah Mujahid (foto) anunciou o novo governo nesta terça, 7, descobriu-se que o Talibã terá por ora apenas um governo interino. Não se falou em líder supremo e Baradar será um dos dois vices do novo primeiro-ministro. "O Talibã achou melhor ter cautela porque há divergências internas e porque o Afeganistão é muito dependente do exterior", diz Kamran Bokhari, diretor do Instituto Newlines para Estratégia e Política e pesquisador da Universidade de Ottawa, no Canadá.
Dentro do Talibã, há membros mais radicais que defendem um governo ideológico e centrado na religião. Mas há outros mais pragmáticos. Esse segundo grupo, segundo Bokhari, entende existirem riscos que ainda precisam ser enfrentados. Um deles é a presença do Estado Islâmico da Província de Khorasan, que realizou atentados em Cabul. Outro é o descontentamento da população rural com a situação econômica. Nas grandes cidades, é fácil notar ainda a insatisfação dos moradores com as novas regras, pois eles cresceram em uma sociedade mais aberta.
Mas, por ser um país pobre, o Talibã não pode imitar o que os xiitas iranianos fizeram logo após a Revolução Islâmica de 1979. "Os iranianos puderam montar um governo rapidamente porque eram ricos em petróleo, enquanto o Afeganistão depende muito de outros países", diz Bokhari.
O cálculo atual de evitar atritos, contudo, poderá ser revertido mais adiante com a situação sob controle. "Provavelmente, eles farão as nomeações principais no futuro, quando estiverem mais bem acomodados no poder. Como agora o poder pode escapar das mãos deles, os talibãs preferiram esperar", diz Bokhari.
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Comentários (2)
Nelson
2021-09-08 16:58:23Com o regime machista dos Talibãs, ainda veremos homem dançando com homem pois o êxodo feminino certamente acontecerá.
KEDMA
2021-09-08 15:38:02Parece que eles não sabem muito bem o que fazer dentro do próprio Talibã, imagina no Afeganistão?!