A estratégia de 'Abu Yair' Netanyahu para tentar ganhar a eleição
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (foto), conta principalmente com o sucesso da campanha de vacinação contra a Covid-19 para vencer as eleições desta terça, 23. Se o seu partido, o Likud, e aliados conseguirem 61 das 120 cadeiras do Parlamento, ele seguirá no cargo. O curioso é que, além da vacinação, Netanyahu tem cortejado...
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (foto), conta principalmente com o sucesso da campanha de vacinação contra a Covid-19 para vencer as eleições desta terça, 23. Se o seu partido, o Likud, e aliados conseguirem 61 das 120 cadeiras do Parlamento, ele seguirá no cargo.
O curioso é que, além da vacinação, Netanyahu tem cortejado os moradores árabes de Israel, que correspondem a 21% da população. Nos cartazes de propaganda eleitoral em árabe, ele se apresenta como "Abu Yair". Isso porque, entre os árabes, quando um homem tem um filho ele passa a ser chamado de pai (Abu) do filho mais velho (o palestino Mahmoud Abbas, por exemplo, é de Abu Mazen).
Com a sacada de marketing, Netanyahu afastou a rejeição que havia a seu filho Yair, que publicou mensagens racistas nas redes sociais dizendo que os árabes deveriam buscar seus direitos em outro lugar, uma vez que Israel seria apenas dos judeus. Em 2018, o Facebook chegou até a retirar algumas de suas mensagens do ar por serem consideradas islamofóbicas.
"Goste-se ou não de Netanyahu, é preciso reconhecer que ele é um gênio da política. Ao neutralizar seu filho, ele aumentou suas chances de atrair o voto dos árabes", diz o historiador Michel Gherman, professor da UFRJ e colaborador do Instituto Brasil Israel (IBI).
Segundo Gherman, Netanyahu se aproximou das comunidades árabes que estavam se queixando de um aumento na criminalidade. Ao abordá-los, Netanyahu conseguiu o apoio de um dos quatro partidos árabes, que concorriam juntos para ultrapassar a cláusula de barreira no Parlamento, de 3,25%. E ele conseguiu encantar justamente o partido islâmico Lista Árabe Unida, o Raam, que deixou o grupo árabe no início de fevereiro.
Se Netanyahu for bem-sucedido nas urnas, ele poderá inserir o Partido Islâmico em um futuro governo ao lado de uma coalizão de extrema-direita arquitetada por ele, a qual tem partidos islamofóbicos em seu interior.
"Netanyahu é uma das pessoas mais pragmáticas que existem na política. Ele pode fazer acordos diversos, e com isso sempre acaba destruindo seus inimigos e até aliados", diz Gherman. "Agora, ele está arruinando narrativas árabes e israelenses que estavam aí por décadas."
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Comentários (2)
MARCIO
2021-03-23 15:14:33E, assim, Israel busca se ferrar. Mas esse negócio de islamofobia já é demais, preconceito contra cristão está tudo bem, mas com islâmico não pode, oxe.
Jose
2021-03-23 11:03:45Este e também o discurso do Bozo. O lider do PP já deu a dica. Vai vender quem vacinou a população brasileira foi o Bozo e, por isso, o Bozo precisa ser reeleito. Será que a população brasileira cairá neste conto depois de todas as evidências ao contrário? Se cair, é melhor fechar a tampa e puxar a descarga!