Em despedida do STF, Celso vota para Bolsonaro depor presencialmente
Em sua última sessão como ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello (foto) manteve a posição inicial e votou nesta quinta-feira, 8, para que o presidente Jair Bolsonaro preste depoimento presencial no inquérito que investiga suposta interferência política na Polícia Federal. O decano se aposenta na próxima terça-feira, 13. Após o voto, a sessão...
Em sua última sessão como ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello (foto) manteve a posição inicial e votou nesta quinta-feira, 8, para que o presidente Jair Bolsonaro preste depoimento presencial no inquérito que investiga suposta interferência política na Polícia Federal. O decano se aposenta na próxima terça-feira, 13.
Após o voto, a sessão foi encerrada, graças a um acordo entre os ministros, e o presidente da corte, Luiz Fux, não informou quando o julgamento será retomado. O plenário discutia um agravo proposto pela Advocacia-Geral da União contra decisão anterior de Celso que negou ao chefe do Planalto o direito de ser interrogado por escrito.
Em uma leitura de pouco mais de duas horas, Celso de Mello afirmou que o presidente da República, como os demais cidadãos, é "súdito das leis" e ressaltou que "absolutamente ninguém" está acima da legislação ou da Constituição Federal.
"Ninguém, nem mesmo o chefe do poder Executivo da União, está acima da autoridade da Constituição e das leis da República, não dispondo, por isso mesmo, de legitimidade para supor-se aristocraticamente titular de tratamento seletivo sequer previsto ou autorizado pela Lei Fundamental do Estado", pontuou.
O Código de Processo Penal estabelece o direito do presidente da República, do vice-presidente e dos presidentes do Senado, da Câmara e do STF prestarem depoimento por escrito quando são testemunhas, mas não fixa claramente as regras para situações em que aparecem como investigados.
Na avaliação de Celso de Mello, como a prerrogativa adicional não está descrita na legislação, não deve ser concedida. O magistrado elencou decisões das últimas décadas e manifestações da Procuradoria-Geral da República anteriores que, conforme sua análise, deixam claro que investigados, acusados ou réus não dispõem do direito de falar por escrito, mas somente vítimas ou testemunhas.
Para o decano, ao autorizar Michel Temer a prestar esclarecimentos por escrito em 2017, quando o ex-presidente era investigado, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso erraram. "A orientação perfilhada por Suas Excelências não pode ser aplicada aos chefes de poderes da República, inclusive ao próprio presidente", avaliou.
Ele mencionou que não adota o posicionamento de hoje e citou uma decisão de 1999 contra a possibilidade de o presidente da República depor por escrito num inquérito em que era investigado. "Sempre entendi assim", resumiu.
“A inquirição do Chefe de Estado deverá observar o procedimento normal, respeitando-se, desse modo, mediante comparecimento pessoal e em relação de direta imediatidade com a autoridade competente (a Polícia Federal, na espécie), o princípio da oralidade, assegurando-se ao senhor Sérgio Fernando Moro, querendo, por intermédio de seus Advogados, o direito de participar do ato de interrogatório e de formular reperguntas ao seu coinvestigado."
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Comentários (10)
Ceifador
2020-10-09 01:22:10Goste-se ou não, Celso está certo, nos termos da Constituição e do Código de Processo. A pusilanimidade de Fachin e do Barroso não pode servir de precedente. Admira de esses dois ministros, letrados, cultos, tenham agido assim, vergonhosamente, em preito de quase sabujice com Temer.
Antonio G
2020-10-08 22:41:01Tchau, Celso ! Jamais me esquecerei do Embargos Infringentes no julgamento do Mensalão. Depois daquilo tudo foi como previsto. E o cara não largou o osso até completar os 74 anos, 11 meses e 15 dias. Quanta sede de poder.
Bartolomeu
2020-10-08 21:46:50Aquela verdade absoluta: nunca está tão ruim que não possa piorar. Quantas vezes vi o velhinho ser criticado e quantas vezes eu mesmo o critiquei. Inúmeras. Agora se aposenta forte e elogiado. Com louvor, claro! Agora, o que esperar do “colão”?
Ivandenir
2020-10-08 21:14:20Parabéns Celso de Mello, o seu voto foi muito bem fundamentado, o senhor realmente sempre seguiu as leis e a constituição. Muitos ali ficaram de queixo caído com a sua sabedoria, e acho até que vão seguir o seu exemplo, votando pelo depoimento presencial do JB. O que o ministro deixou bem claro, e parece que muita gente não entende, é que, como Moro esteve presente para responder perguntas, o presidente também precisa cumprir esse papel, a lei é para todos. Vamos esquecer o Temer!
Heloisa
2020-10-08 20:52:57Ministro Celso de Mello vai fazer muita falta por sua serenidade, competência , seu caráter , seja quem for substituí-lo, principalmente por conta do Mintomaníaco que tem como critérios para suas escolhas a tubaína, a cloroquina , o jogar para debaixo do tapete os seus crimes e da sua Familícia e de seus asseclas.
MADEIROSVISKI
2020-10-08 20:26:23Povinho não leem. Vejam o que esse crápula fez no supremo de m...
Isolina
2020-10-08 20:11:50Celso está correto. ninguém está acima da lei inclusive BOÇALNARO e filhos
Odete6
2020-10-08 19:29:46Saída com dignidade. Sejamos justos: é como precisava votar e o fez acertadamente, com argumentação precisa, consistente, brilhante e absolutamente interpretativa da letra da Lei. Cumprimentos e agradecimentos, Ministro CELSO de MELLO! Redirecionou assim a sua nova caminhada!
Sebastião
2020-10-08 19:26:14Por 6 a 5, Supremo decide dar nova chance a 12 réus do mensalão Celso de Mello desempatou, e tribunal aceitou embargos infringentes. Com isso, José Dirceu e mais 11 réus serão julgados novamente. Dirceu fez valer a pena. Os miseráveis continuam no seu calvário.
MADEIROSVISKI
2020-10-08 18:42:17Já vai tarde. Bandido!