Como as negociações de paz com o Sudão afetam os israelenses
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Sudão, Haidar Badawi Sadiq, afirmou nesta terça, 18, que seu país está em negociações de paz com Israel. O Sudão se cacifa, assim, a ser o quarto país a normalizar relações com Israel. O Egito e a Jordânia já assinaram acordos de paz. Os Emirados Árabes Unidos...
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Sudão, Haidar Badawi Sadiq, afirmou nesta terça, 18, que seu país está em negociações de paz com Israel.
O Sudão se cacifa, assim, a ser o quarto país a normalizar relações com Israel. O Egito e a Jordânia já assinaram acordos de paz. Os Emirados Árabes Unidos anunciaram na semana passada que também fariam isso.
O primeiro impacto do anúncio do Sudão é na política israelense. Nas últimas três eleições, o primeiro-ministro e candidato Benjamin Netanyahu (foto) colocou-se para o seu eleitorado como a pessoa capaz de aproximar Israel de outros países. "Cartazes eleitorais mostraram Netanyahu se abraçando com o americano Donald Trump, com o russo Vladimir Putin e com o indiano Narendra Modi. O primeiro-ministro queria mostrar que, graças a ele, Israel passou a ser recebido de braços abertos, deixando de ser um país pária", diz o cientista social Daniel Douek, diretor do Instituto Brasil-Israel (Ibi).
Outro efeito já pode ser notado nos voos internacionais entre a América Latina e o Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv. Como o Sudão não permitia que voos saindo ou indo para Israel sobrevoassem seu espaço aéreo, as companhias de aviação eram obrigadas a fazer um desvio, o que aumentava o tempo de voo em duas horas. Em março, com as negociações já em curso, o governo do Sudão anunciou o fim dessa regra.
Historicamente, o Sudão sempre adotou uma postura contrária a Israel, tendo participado da guerra logo após a formação do país, em 1948, e da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Após esse conflito, o país sediou a conferência da Liga Árabe que terminou com a Resolução de Cartum e a proclamação dos "Três Nãos": não à paz com Israel, não ao reconhecimento de Israel, não às negociações com Israel.
No ano passado, um golpe militar derrubou o ditador sudanês Omar al-Bashir, que ficou no poder entre 1989 e 2019. Após sua queda, em abril do ano passado, o governo provisório passou a ter uma diplomacia mais aberta. "Muitos países autoritários atacavam Israel para desviar a atenção de seus problemas internos. Esse tipo de atitude está ficando mais raro", diz Douek.
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Comentários (2)
Doris
2020-08-19 06:45:36A melhor maneira de desviar os problemas internos é se encontrar um bode expiatório. E os judeus foram ao longo da história, os preferidos.
Assis Lacerda
2020-08-19 02:41:23Ótima notícia. O tão sofrido povo israelense é mais que merecedor de plena paz.