SergioMoro

Sonhos ou pesadelos

03.12.21

O cinema e a literatura projetam cenas e situações que se reproduzem na vida real. Nos idos da década de 60, na pequena cidade americana de River City, Iowa, um vendedor de instrumentos musicais seduz e engana as pessoas com o discurso de que pretende ajudar crianças de rua a formar uma banda. Na verdade, ele só queria mesmo arrancar dinheiro dos moradores para a fuga que planejara. O filme “O Vendedor de Ilusões” pode servir, de certa forma, como analogia com a política.

Vivemos um tempo de inverdades em que faltam propostas, iniciativas, liderança e sobram promessas vazias em nome de um projeto eleitoreiro. Para isso, não importa a responsabilidade fiscal nem a imagem do país reproduzida mundo afora. Em nome do poder, suprime-se qualquer bom senso para ficar bem na foto do populismo.

A responsabilidade social, ajudar os mais necessitados, é um dever permanente do Estado, e não pode ser usada apenas às vésperas de uma eleição para vender ilusões de bom mocismo, enquanto o país mergulha em um caos fiscal.

Quando decidi voltar ao Brasil, depois de uma temporada trabalhando e morando nos Estados Unidos, aceitei colocar meu nome à disposição e me filiei ao Podemos para contribuir com o projeto dos que acreditam na construção do país dos sonhos: mais justo e menos desigual. E, aqui, não se trata de vender ilusões, enganando as pessoas, mas de acreditar que é possível fazer a coisa certa, do jeito certo, sempre. Foi o que eu disse recentemente, em um debate com representantes do mercado financeiro: nosso projeto é de vender sonhos, não pesadelos.

Quem acompanha a minha jornada nos 22 anos de magistratura e como ministro da Justiça e Segurança Pública sabe que sempre fui um defensor da aplicação da lei a todos e que nunca abri mão dos meus princípios. Enfrentar criminosos e reduzir a criminalidade eram meus deveres como servidor público.

Agora, como cidadão, defendo que é possível continuar seguindo o caminho da lei e da responsabilidade social e econômica. Não podemos nos conformar com o pesadelo do passado que nos ronda e insiste em voltar. É impossível nos esquecermos das propinas, do assalto à Petrobras, do mensalão. E também das consequências nefastas do roubo aos cofres públicos somado ao populismo:  recessão, juros altos, pobreza e desemprego.

O retrato econômico desse passado comandado pelo PT não é muito diferente do que estamos vivendo hoje com o custo dos alimentos e da gasolina apavorando os brasileiros, especialmente os mais vulneráveis. É o preço que se paga pelo fato de o governo não ter combatido a corrupção, como prometera na campanha, não ter feito as reformas anunciadas, nem ter assumido a liderança de um projeto de Nação. E não adianta culpar a pandemia pelo pesadelo que vivemos. Os países que não negaram a ciência e fizeram o dever de casa estão infinitamente melhores do que nós.

Infelizmente, estamos no rumo errado e precisamos pavimentar um novo caminho para consertar tantos anos de estragos e injustiças. Precisamos pensar nas pessoas, na vida dos cidadãos e não apenas no que pode ser vantajoso para a imagem das autoridades. Volto a perguntar: quando vai chegar o futuro do país do futuro?

Estamos empacados em um Brasil que não cresce e que vê crescerem a fome e o desemprego. Que vê escolas e instituições sucateadas, hospitais à beira do colapso. As estruturas de poder têm servido, somente, a orçamentos secretos e a interesses não republicanos. A máquina pública está a serviço de alimentar vaidades e projetos pessoais.

Embora tenha muita gente boa na política, é preciso aglutinar essas forças do bem em nome de um projeto maior, um projeto de país que atenda a todos os cidadãos: do morador de rua ao empresário. Queremos construir juntos esse projeto, sem dividir o Brasil. Podemos reconstruir sonhos perdidos, ser inclusivos, sermos incluídos na justiça e na igualdade. Que o Brasil nos permita sonhar e realizar sonhos. Chega de pesadelos!

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