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Um presente para Richa

Desembargador cuja filha foi nomeada pelo ex-governador do Paraná decide tirá-lo da alçada do juiz Sergio Moro
03.08.18

O tucano Beto Richa não tem do que reclamar. Citado na Lava Jato como destinatário de pagamentos suspeitos da Odebrecht na campanha de 2014, o ex-governador do Paraná luta há algum tempo para se livrar de um inquérito aberto para investigar os repasses. Na última segunda-feira, ele pôde comemorar uma decisão que caía como uma luva para as suas pretensões: a seu pedido, um desembargador ordenou que o caso saísse das mãos do juiz Sergio Moro e fosse remetido para a Justiça Eleitoral. A vitória era dupla. Em primeiro lugar,  por livrar o tucano da caneta pesada do magistrado da Lava Jato. E, depois, por transformar uma investigação sobre crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e fraude em licitação em um caso trivial de caixa dois eleitoral.

A decisão que facilitou a vida do ex-governador, agora candidato a uma vaga no Senado, partiu de um desembargador cuja filha foi nomeada pelo próprio Richa assessora do governo paranaense, em 2017. Nome: Camila Penteado. Salário: 7 mil reais. Além de ter sido nomeada por Richa, ela tem outra ligação com o ex-governador: é filiada ao PSDB. As informações por trás da decisão do desembargador Luiz Fernando Wowk Penteado, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, foram reveladas por O Antagonista.

Beto Richa, que renunciou ao cargo de governador em abril para se adequar à legislação eleitoral e poder concorrer ao Senado, é acusado de ter recebido 2,5 milhões de reais da Odebrecht via caixa dois durante a campanha de 2014. A suspeita é de que ele tenha favorecido a empreiteira na licitação para a construção de uma rodovia estadual, a PR-323. Essa é a segunda vez que o caso do ex-governador tucano sai da alçada de Sergio Moro. Logo após Richa ter perdido o foro, o inquérito desceu para a primeira instância, mas uma liminar concedida a pedido dos advogados dele garantiu que o caso fosse para a Justiça Eleitoral. No último dia 29, o ministro Humberto Martins, vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, ordenou que os autos voltassem para Moro. Ainda assim, Richa não entregou os pontos. Pôs de novo seus defensores na rua e, bingo, conseguiu a generosa liminar assinada pelo pai da assessora que ele mesmo nomeou. Simples assim.

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