LeandroNarloch

Eduardo Bolsonaro está certo

20.03.20

Coisa rara, Eduardo Bolsonaro está certo. Comparou esta semana a crise do coronavírus na China com o desastre de Chernobyl. Tanto a ditadura soviética de 1986 quanto a chinesa de 2020 tentaram esconder o problema, o que potencializou o estrago. A comparação é boa. O coronavírus é o Chernobyl do comunismo chinês. 

Concordo que não é maduro nem frutífero caçar culpados para o caos que vivemos essas semanas. Também concedo que pandemias têm inúmeras causas e fatores – a ditadura chinesa é só uma delas. 

Dito isso, é ótimo que deputados brasileiros tenham coragem de denunciar os erros, as trapalhadas e os crimes que deixaram o novo vírus se espalhar. 

Rodrigo da Silva, autor do Guia Politicamente Incorreto da Política Brasileira e do excelente artigo que Eduardo Bolsonaro compartilhou sobre a pandemia, lista uma série de reportagens mostrando as trapalhadas do governo chinês ao lidar com o início da crise. Algumas dessas barbaridades: 

– A polícia chinesa prendeu o primeiro médico que tentou avisar os colegas sobre o novo vírus e o obrigou a assinar uma confissão de “comportamento ilegal”. Ele e outros sete médicos também tiveram que admitir em público que “espalhavam mentiras”;

– O governo destruiu amostras que seriam usadas para sequenciar o genoma do vírus ainda em dezembro; 

– Impediu que os jornais noticiassem a epidemia e a ajudassem os cidadãos a se proteger. Dois jornalistas que gravaram vídeos sobre a doença na província de Wuhan estão desaparecidos; 

– Proibiu os médicos de discutirem, em chats da internet, a possibilidade de um novo coronavírus ter infectado chineses;

– Só quase dois meses depois do primeiro caso a China declarou estado de emergência. A essa altura, o novo coronavírus já se espalhava pela Itália, levando provavelmente por turistas chineses que visitaram Roma;

Um estudo mostrou que, se o governo chinês tivesse agido três semanas antes, o número de casos seria 95% menor – e o problema poderia ter sido contido localmente. 

O embaixador chinês no Brasil, que reagiu ao comentário do filho do presidente, preferiu entender errado. Disse que Eduardo Bolsonaro espalhou preconceito ao atribuir ao povo chinês a culpa pelo vírus. Que artifício retórico barato: acusar o adversário de uma conduta abjeta que ele não cometeu. Ora, o alvo foi sempre a ditadura chinesa, não o povo. 

“Ah, mas a China é nossa maior parceira comercial, é preciso agir com diplomacia.”

Mas que postura covarde é essa?  Agora vamos nos render a qualquer ameaça imaginária de retaliação ao que pensamos ou publicamos na internet? É um espetáculo revelador ver pessoas que se dizem de esquerda tão facilmente ignorarem a falta de liberdade de expressão na China em nome de supostos interesses comerciais.  

Para a comparação com Chernobyl ganhar toques de perfeição, é preciso um detalhe. Mikhail Gorbachev dizia que o desastre nuclear na Ucrânia foi o começo do fim da União Soviética. Será que a trapalhada do coronavírus é um anúncio do fim da ditadura comunista de sete décadas da China? Tomara que sim. 

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