DiogoMainardina ilha do desespero

O menos ruim

31.05.19

Jair Bolsonaro disse que muitos eleitores votaram nele por ser “o menos ruim”. Ponto para ele. É isso mesmo. Ele tem de parar de governar apenas para seus idólatras.

Em seguida, Jair Bolsonaro disse que “não existe um governo bom com uma economia ruim” e que, “se a economia for mal, o presidente vai ser defenestrado”. Outro ponto para ele. Dois a zero. De fato, em vez de atravancar a pauta parlamentar com a macaquice reacionária de seus ideólogos de aluguel, ele precisa correr para impedir o colapso da economia. Seu maior erro até agora foi ter descartado a reforma previdenciária de Michel Temer, que estava pronta para ser votada, nas primeiras semanas de seu mandato. O desastre da economia, porém, é muito maior do que o rombo nas aposentadorias. O governo acaba se embananando – o termo foi empregado por Paulo Guedes – até mesmo em questões elementares, que poderiam ser resolvidas com relativa facilidade, como a regra de ouro. Se bobear, vai faltar dinheiro nos próximos meses para pagar os velhinhos miseráveis.

Na semana passada, conversei com um parlamentar sobre a promessa de Paulo Guedes de abandonar o governo e ir embora do Brasil em caso de “reforminha”. Não posso dizer o nome do parlamentar. O que eu posso dizer é que ele sempre apoiou Paulo Guedes. E que defende as reformas na economia. Ao comentar o desabafo de Paulo Guedes, ele disse que o Congresso Nacional e o mercado financeiro festejariam se Mansueto Almeida assumisse o ministério. Foi a primeira vez que ouvi isso. Não, o parlamentar não estava tentando defenestrar Paulo Guedes. Seu comentário refletia apenas o estado calamitoso da economia, que é capaz de defenestrar qualquer um, inclusive o presidente.

Jair Bolsonaro precisa se convencer, de uma vez por todas, de que sua tarefa não é ser um bom presidente, com a missão divina de consertar o Brasil. Ele só tem de ser o menos ruim.

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