DiogoMainardina ilha do desespero

A retirada do olavismo

07.06.19

A Crusoé, no comecinho do ano, foi a primeira a relatar a angústia dos militares com os desvarios de Carlos Bolsonaro e Olavo de Carvalho, que estavam embananando a cuca do presidente. Alguns dias mais tarde, voltei ao assunto em O Antagonista, depois de ter falado com repórteres de outros jornais, instalados no Palácio do Planalto.

Na época, os generais negaram os fatos – que eles próprios haviam cochichado para a imprensa. Os olavistas mais frenéticos, insuflados por Carlos Bolsonaro, passaram a espernear nas redes sociais, acusando-me de espalhar mentiras com o propósito de atrapalhar o governo. Não preciso relembrar o que ocorreu de lá para cá, não é?

Considerando que fui um dos primeiros a denunciar a disputa entre as duas correntes do bolsonarismo, tenho o dever de reconhecer que algo mudou nas últimas semanas. As redes sociais de Carlos Bolsonaro foram sedadas. Olavo de Carvalho passou a dedicar-se às teorias terraplanistas. Nas raras ocasiões em que ele se atreveu a atacar os militares, foi achincalhado por seus comentaristas. A batalha de hashtags contra o general Santos Cruz acabou – e com o triunfo do general. Ninguém mais cogita um impeachment, tanto que até o general Hamilton Mourão parou de falar com a imprensa.

Muito mais relevante do que tudo isso, claro, foi a metamorfose de Jair Bolsonaro. Ele trocou o Twitter pelo programa do Ratinho, os conflitos com parlamentares pelas emendas parlamentares, e o guru Olavo de Carvalho pelo líder delatado Fernando Bezerra Coelho. A marcha de seus seguidores, no dia 26, em vez de intimidar os congressistas, fortaleceu-os, porque nenhum deles acreditou no blefe do autogolpe. Desde então, o presidente tenta costurar um acordo com seu “irmão” Rodrigo Maia, sem o qual nada será aprovado. E o olavismo bateu em retirada.

Quanto tempo vai durar a trégua? Se der certo, até aprovar uma reforma previdenciária de 700 bilhões de reais.

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