FelipeMoura Brasil

O suposto jornalismo de Glenn

21.06.19

Glenn Greenwald foi um tuiteiro irrelevante na corrida eleitoral de 2018.

Apesar de todo o meu trabalho de expor a demonização de Jair Bolsonaro na imprensa – que diluiu em rótulos, torcida contra e criminalização de atos futuros as críticas legítimas a declarações e comportamentos eventualmente grosseiros do então candidato -, preferi guardar prints que fiz de tuitadas de Glenn para um momento mais oportuno.

Agora que ele faz a “conta-gotas”, nas palavras do atual ministro Sergio Moro, uma “divulgação sensacionalista” de supostas mensagens roubadas à Lava Jato, por meio de uma “invasão criminosa dos celulares de agentes públicos”, a oportunidade apareceu.

Em 18 de agosto de 2018, de acordo com meu baú, Glenn já mostrava no Twitter a sua compreensão do que é o jornalismo:

“Os jornalistas ainda não têm uma estratégia eficaz para bater Bolsonaro, e a entrevista [no programa] #RodaViva acabou de provar isso. É preciso desenvolver uma rapidamente.”

O procurador Wesley Miranda Alves, da ala conservadora do Ministério Público, ironizou Glenn:

“Pensei que o objetivo dos jornalistas e entrevistadores era extrair informação dos candidatos, a fim de que os eleitores pudessem formar sua opinião.”

Glenn retrucou, evidenciando que confunde sua opinião com informação, como nas recentes matérias de seu site sobre supostas ilegalidades de Moro:

“Certo. E a informação relevante e precisa é que Bolsonaro é uma grave ameaça aos princípios básicos da democracia, um mentiroso patológico e um fanático. O trabalho dos jornalistas é demonstrar isso, e não deixa[r] ele usar mentiras e propaganda para esconder isso.”

Na semana passada, em entrevista à Jovem Pan, Glenn também opinou sobre a condenação de Lula no caso do tríplex:

“Eu acho que eles [agentes da Lava Jato] escolheram isso, pois isso foi o [caminho] mais rápido possível para deixar ele [Lula] proibido de concorrer em 2018.”

Glenn esclareceu não ter evidências que embasem esta opinião. Mas, a julgar pelas suas tuitadas, o trabalho dos jornalistas consiste justamente em demonstrar opiniões pessoais pré-concebidas, como acusadores que partem da conclusão rumo às provas, não o contrário.

O show de paciência de Moro na CCJ do Senado, defendendo a legalidade de seus atos como juiz de primeira instância, mostrou, no entanto, que Glenn ainda não tem uma estratégia tão eficaz assim para bater o ministro mais popular de Bolsonaro.

Ele precisa desenvolver uma rapidamente.

Felipe Moura Brasil é diretor de Jornalismo da Jovem Pan.

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