A história a cavalo
A Catedral de Notre Dame foi reinaugurada com a presença do homem que nos fez voltar a pensar no futuro
Lembro quando pensar o futuro estimulava nossa imaginação. Nos perguntávamos: “Será que veremos carros voadores? Teremos a oportunidade de visitar outros planetas?”.
De repente, esse impulso futurístico arrefeceu. Nos últimos anos – talvez por causa dos embates políticos, pandemia etc – não vi tanta gente empolgada em pensar no futuro.
Parece que as pessoas estavam mais empenhadas em atualizar o passado, numa moda vintage que está em todos os lugares: na fotografia analógica, no cinema feito em película (como Ainda estou aqui, de Walter Salles), na moda de carros antigos.
Até que um homem parece ter mudado esse estado de espírito.
Temos visto em rede social imagens impressionantes de pousos e decolagens de foguetes, da evolução técnica desses dispositivos (como partes feitas em impressoras 3d), de robôs que andam como humanos, e interagem com eles, de carros e ônibus que são verdadeiramente futurísticos, do desenvolvimento de trajes espaciais e smartfones de alta tecnologia, de super computadores usados em carros autônomos.
O último que lembro de ter feito isso foi Steve Jobs: moldou a computação das últimas décadas, o uso de smartfones, e a própria fotografia digital – que praticamente deixou de ser em câmeras para ser feita em celulares (nos Iphones mais novos é possível controlar foco e exposição, como numa câmera profissional).
Já escrevi aqui como as épocas não são fruto espontâneo dos tempos, mas das ações dos homens.
Por vezes, de um só homem. Napoleão é um exemplo de homem que criou toda uma época.
Personagem oriundo da Revolução Francesa, ele a levou para um caminho completamente diferente, e sagrou-se imperador em Notre Dame de Paris.
A catedral foi reinaugurada esta semana com a presença de Elon Musk.
Um homem que, assim como Napoleão, tem expandido os limites do nosso mundo conhecido.
Só que, enquanto Napoleão promoveu o impulso de unificação da Europa num império, e com isso criou um novo momento da história, lançando as bases da Europa moderna, Elon Musk tem objetivos expansionistas mais ambiciosos: a colonização de Marte, a ocupação por humanos em outros planetas do Universo.
Há uma foto do momento em que Elon Musk caminha na catedral e um grupo de pessoas o observa atentamente: a ex-modelo Carla Bruni está boquiaberta, ao lado dela o marido Nikolas Sarkozy, o outro ex-presidente francês François Hollande, ao fundo o presidente eleito americano, Donald Trump, que ele ajudou a eleger.
Lembrei-me da frase de Hegel sobre Napoleão Bonaparte, por vezes referida como “a história a cavalo”, ou “o destino do mundo a cavalo”.
Além da inovação tecnológica que tem mudado a face da terra, tornando-se o homem mais rico do mundo, ele tem atuado decisivamente na política: tanto na eleição americana, que trouxe de volta Donald Trump, como no contexto da censura a redes sociais no Brasil.
Talvez seja cedo para avaliar o efeito da compra do Twitter, que virou X, por Elon Musk.
Mas foi um fato decisivo: as empresas que administram as redes sociais tinham se tornado um consórcio, combinando em limitar a liberdade de expressão, ou o que chama de “discurso de ódio”.
A compra do Twitter por Elon Musk abriu uma fenda nessa estrutura: uma rede aberta terá naturalmente mais relevância do que as fechadas.
E isso produziu um efeito cascata que levou Mark Zukerberg a buscar o diálogo com Donald Trump e pedir desculpa pela censura a ele imposta. E também a diminuir a censura em suas redes.
Esse também foi o tema do embate entre Alexandre de Moraes e Elon Musk no Brasil.
Entre uma reunião e outra sobre a colonização de Marte, o bilionário trata da expansão do território da liberdade de expressão.
Josias Teófilo é cineasta, jornalista e escritor
As opiniões dos colunistas não necessariamente refletem as de Crusoé e O Antagonista
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Comentários (3)
Leticia Jota Piantino Merchioratto
2024-12-13 20:13:52Josias Teofilo obrigada por esse artigo Moderno Alentador Culto Esperançoso, Eu estava até esta leitura tão assustada com o atraso a ignorancia a falta de classe o amadorismo a incompetencia o estrelismo o provincianismo,, dos ministros do STF ´E mais ainda com a pusilanimidade do sr Rodrigo Pacheco que não pense que MG e Alagoas,,,,
Clayton De Souza pontes
2024-12-13 15:14:13Acho positivas as bandeiras do Musk. Personagem importante do nosso tempo
Albino
2024-12-13 07:24:53Tenho, a princípio, uma impressão não muito favorável a Musk, mas é salutar ver uma outra impressão de quem sabe das coisas...