DiogoMainardina ilha do desespero

O super-Gilmar

28.08.20

Gilmar Mendes, que já mandou um repórter da Folha de S. Paulo “enfiar uma pergunta na bunda”, agora mandou os brasileiros enfiarem a Lava Jato no mesmo lugar. Na quarta-feira, ele inocentou um doleiro para poder inocentar Lula. O doleiro, assim como Lula, também havia sido condenado por Sergio Moro, pelo TRF-4 e pelo STJ. Gilmar Mendes, acompanhado por Ricardo Lewandowski, seu parceiro na Segunda Turma do STF, simplesmente anulou os julgamentos anteriores e limpou a ficha do doleiro, alegando que Sergio Moro havia sido parcial.

O tucano Gilmar Mendes aliou-se aos lulistas Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli logo depois do impeachment de Dilma Rousseff, quando rasgou as provas da Odebrecht a fim de salvar Michel Temer, no TSE. Desde aquele momento, ele vem minando Sergio Moro e a Lava Jato. Ingenuamente, Sergio Moro acreditou que, com o cargo de superministro e com o respaldo de Jair Bolsonaro, ele poderia se contrapor às manobras brasilienses destinadas a absolver corruptos e corruptores. Quando Jair Bolsonaro bandeou para o lado de lá, porém, o projeto lavajatista ruiu de uma vez por todas. E despontou o super-Gilmar.

O aumento da popularidade de Jair Bolsonaro, dois meses depois da rasteira que ele deu em Sergio Moro, incentivou novos golpes contra a Lava Jato. O triunfo de Gilmar Mendes, celebrado em cafezinhos informais com o presidente da República, está prestes a se materializar. Daqui a algumas semanas, Augusto Aras vai desmantelar a Lava Jato. E ninguém vai se escandalizar, porque o assunto se esgotou. Os leitores desta coluna devem estar bocejando. Até eu estou bocejando. O espetáculo grotesco encenado por Gilmar Mendes ofende de tal maneira nosso senso de moralidade, com suas tiradas escatológicas, que – por um instante – pode ter o efeito de despertar a plateia sonolenta de seu torpor. Mas é tarde demais. Estamos no ato final da chanchada. E nada pode ser feito para deter super-Gilmar.

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