LeandroNarloch

O petróleo salvou as baleias

28.06.19

Duas remadoras descansam no mar da Barra da Tijuca quando são surpreendidas por um espetáculo. Uma baleia jubarte irrompe num salto rodopiante que tira da água todo o corpo de mais de dez metros. O vídeo do salto, publicado na semana passada, é daqueles que mostram que o Rio de Janeiro continua lindo. Cenas parecidas também aconteceram em Santa Catarina, Alagoas e São Paulo – onde a ONG Baleia à Vista já flagrou 54 baleias este mês – mais que em todo o inverno do ano passado.

Sim, as baleias estão mais comuns – e isso não é só impressão de banhistas e pescadores. Na costa da Austrália, do Brasil e da África, a população de jubartes está crescendo 10% ao ano, segundo a International Whaling Commission. É um crescimento capaz de dobrar a população em apenas sete anos e meio. Por trás do alarmismo dos ambientalistas, há boas notícias vindas da natureza.

O curioso é que parte do mérito pela recuperação das baleias pertence ao maior vilão do meio ambiente hoje em dia: o petróleo.

Por boa parte do século 19, o “óleo de peixe”, ou seja, óleo feito com a gordura fervida de mamíferos marinhos, foi o principal combustível para a iluminação. Alimentou os lampiões das ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro e também servia de lubrificante para as máquinas da Revolução Industrial. Havia no Brasil uma indústria baleeira intensa – temos várias praias “da armação” porque esse era o nome do local onde as baleias eram retalhadas.

No início do século 20, a caça tinha reduzido em mais de 90% o número de jubartes e azuis. As baleias caminhavam para a extinção quando um geólogo canadense inventou um método para destilar o querosene a partir do petróleo.

O querosene era mais barato, exalava menos cheiro que o óleo animal e não apodrecia. No começo do século 20, as usinas hidrelétricas e a carvão deram outro golpe no mercado da baleia. E o plástico, também vindo do petróleo, acabou com o mercado de “barbas de baleia”, as placas de queratina do maxilar usadas para a fabricação de guarda-chuvas e espartilhos.

É verdade que a caça continuou bastante intensa na Noruega e no Japão, onde se aprecia a carne de baleia. Já no Brasil e nos Estados Unidos, a indústria baleeira entrou em decadência no fim do século 19. O petróleo possibilitou que deixássemos de matar animais para obter combustível.

A jubarte passou boas décadas como uma espécie vulnerável – em 1988 foi considerada em ameaça de extinção. Hoje está na categoria “pouco preocupante”. Não é um caso único. A população da baleia franca, outra bem comum no Brasil, tem crescido 7% ao ano no Atlântico Sul, segundo estimativas baseadas na frequência de observação.

E a lindíssima baleia azul, o maior animal que já existiu (mais pesada que o maior dinossauro) cresce a uma taxa de 8% ao ano. A estimativa máxima de sua população passou de 12 mil indivíduos em 2002 para 25 mil atualmente.

Ambientalistas costumam nutrir um certo fascínio com o Apocalipse. Acreditam que pragas e catástrofes nos atormentarão se não participarmos de penitências e sacrifícios. E assim fecham os olhos para as boas notícias sobre o meio ambiente.

Mas acontece que muitas vezes a tecnologia e as grandes empresas nos tornam menos dependentes da natureza para obtermos comida e energia. Mais ricos e produtivos, podemos nos dar ao luxo de nos deslumbrar com saltos de baleias no fim de semana.

Leandro Narloch é jornalista e autor do 'Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil'.

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    1. Lí no lançamento. Desarma toda farsa do aquecimento global com provas irrefutáveis.

  1. Excelente matéria com jornalismo exemplar que avalia fatos e não fica preso a achismos e preconceitos, mostrando que a indústria de petróleo, que tem impactos negativos ao ambiente, também tem muitos impactos positivos ao meio ambiente, mas que no mundo do politicamente correto a maioria dos veículos de comunicação procurar ignorar ou deturpar em nome de uma narrativa.

  2. Isso é parecido com o desconhecimento deliberado sobre as teses que demonstram a farsa do aquecimento do planeta, ao contrario do que dizem os ambientalistas, que nesse caso, preferem desprezar evidências meteorológicas e históricas de mais de um século, que comprovam isso, como cansa de demonstrar o prof. Luiz Carlos Molion de que é o Sol que comanda o aquecimento, não o homem, nem o aumento de CO2. Não é só ele que fala isso, também o Ricardo Felício , prof Climatologia da USP corrobora isso.

  3. De fato, ótima noticia, até porque acaba com aqueles grupinhos chatos de bichos grilo que ficavam fazendo campanha "Salvem as baleias", e se tornaram massa de manobra da esquerda ambientalista eco xiita mundial. Eles ficam salvando o planeta nas ruas e em protestos, mas plantar arvore no mato não vão, limpar praias são poucos que se atrevem. E agora, salvar a recuperação da espécie, porque não serve para a falsa causa ambientalista, nadica de nada.

  4. Não esqueça que o CO2 é o maior fertilizante da natureza, tal qual o caso do petróleo estaremos aplaudindo em um futuro próximo (com trabalhos sérios) a contribuição a natureza que é a emissão de CO2. Quer ser um ambientalista de verdade? Defenda a diminuição da poluição, pois quanto mais gente maior poluição

    1. Cresce até ter alimento, o que esta reduzindo , aí volta a reduzir .

  5. Li hoje 01/07719 QUE O JAPÃO RETOMARÁ A CAÇA A BALEIA. NÃO SERIA O CASO DE RETALIAÇÃO AOS PAÍSES QUE AINDA ADOTAM TAL PROCEDIMENTO?

    1. Somente na costa leste do Japan. O resto do mundo esta’ protegido.

  6. PARABENS! EXECELENTE MATERIA! POR ISSO, E POR TER SIDO PEQUISADORA NA AREA DE SAUDE POR 3 DECADAS, NAO ACREDITO NO APOCALIPSE DA MUDANÇA CLIMATICA! PRINCIPALMENTE, PQ OS "ATIVISTAS", OS GRITADORES, DE PESQUISA NAO ENTENDEM COISA ALGUMA!

  7. Excelente artigo. Mas sem radicalismo ou visão ideológica é um fato inconteste os danos sérios ao meio ambiente provocados por ação humana, vide Mariana, Brumadinho e a intensa destruição em andamento na Amazônia. Meio ambiente não pode ser pauta ideológica de direita ou esquerda, deve ser uma pauta da humanidade.

    1. MAS... NESSE CASO E PURA NEGLIGENCIA, IRRESPONSABILIDADE... A TECNOLOGIA, ESTRATEGIAS... PRA EVITAR ESSE DESASTRESJA EXISTE! ALIAS QUEM ESTAVA NO PODER ERA A ESQUERDA, QUE SE DIZ PROGRESSISTA, DEFENSORA DO MEIO AMBIENTE!

  8. Muito bom artigo. Mostra uma outra visão do que estamos habituados a ler e ouvir. Sou professor de Geografia, gostaria de repassar aos meus alunos, mas, infelizmente, sem a devida permissão, fico impossibilitado, resta-me, somente, comentar sobre o assunto. Fica a dica.

  9. Que notícia maravilhosa, deveria constar nas primeiras páginas da media, mas parece que a catástrofe vende mais, assim pensam os editores, com esta reportagem a Crusoé se diferencia. Parabéns

    1. Surpreenderá não por ser exótico, mas por estar oculto, quando terá sido o óbvio.

  10. O problema é quando a defesa do meio ambiente vira narrativa com ideologia e pretensão política. Quem lê e consegue entender/interpretar o que está escrito, fica livre de "narrativas". Não é porque uma narrativa possui estrutura lógica que ela vira verdade.

  11. Ainda temos que ficar de olho... Os japoneses estão em plena campanha para a volta da caça às baleias no nosso litoral. Ano passado está eram aqui em Floripa. Não conseguiram, mas disseram que voltarão. Nananinanão!!!!

  12. Excelente texto. Estes tipos de matéria servem para reforçar o debate sério sobre sustentabilidade, baseada na evolução tecnológica, científica e no respeito ao planeta e seus habitantes, longe dos discursos de ambientalistas cheios de paixão, mas com pouca, ou quase nada de análise séria sobre os avanços da humanidade.

  13. Revolução industrial, salto tecnológico, industrialização, conforto ambiental humano, entre outras coisas providas pela sociedade moderna não existiriam se dependesse dos ambientalistas "xiitas" (todos esquerdistas)!!!

  14. Parabens Leandro! Esta na hora dessas publicacoes de fatos bons e uteis para nosso povo! Chega de" so' publicacoes de discordia, de desgracas e fofocas", que nao suportamos mais! Precisamos de noticias de esperanca, de vitorias !

  15. Mais do que fascínio, uma parte de ambientalistas são os próprios profetas do apocalipse: sustentam previsões pouco ou nada lastreadas em pesquisas científicas e jogam as datas das catástrofes, de preferência, para 2050, 2100, quando a maioria das pessoas já não estará mais aqui. Mas querem que as providências sem lastro científico, sejam tomadas imediatamente. Igualzinho os que defendem a construção de abrigos subterrâneos para uma guerra ou uma catástrofe com asteróides que nunca acontece.

    1. “Predicting war for millions, in the hope that one appears ...” (Iron Maiden)

  16. Prezado Leandro, primeiramente, discordo de q o petróleo salvou a baleia, simplesmente pq o quadro de ameaças ao ambiente não se limita ao uso de combustível animal presente. Segundo, pq a questão ambiental em relação ao petróleo e à tecnologia é muito mais complexa do q vc quer fazer parecer. O impacto do uso de fósseis irá perdurar por séculos e afeta o sistema terrestre como um todo. Não há segundo planeta para irmos qdo este se tornar inabitável. Apocalítptica, mas não visão, tendência...

    1. Imagino que vc vai viver pelo menos 300 anos para estar tão preocupada com isso. Deixe as próprias gerações fazerem o necessário. É bíblico :” a cada dia o seu próprio mal “.

  17. Sim, é possível. Ó timo saber que esses maravilhosos colossos do mar estão conseguindo sobreviver bem! Mas não podemos esquecer, por ex, daquela baleia que foi encontrada morta com 7 quilos de plástico no estomago.

  18. Oi Leandro, que notícia maravilhosa. Teu artigo aqui na Crusoé é uma música para nossos ouvidos, o melhor desta edição. Viva às baleias!

  19. O petróleo não só salvou as baleias, mas também as florestas, pois, sem o petróleo, hoje nao haveria um só "pau em pé" uma vez que teriam sido transformados em carvão.

  20. Queria que houvesse mais jornalistas lúcidos como o Leandro. Sugiro que escreva sobre a falácia do aquecimento global e da indústria que se criou sobre o tema, com muitos acadêmicos ganhando dinheiro para pesquisas que não provam nada.

  21. O articulista está de parabéns. Texto elucidativo e didático. Não obstante isso, ainda será alvo de críticas dos fanáticos e obtusos de sempre.

  22. É isso. E quem quiser saber mais da tecnologia salvando o meio ambiente, o livro "O otimista racional: por que o mundo melhora", d Matt Ridley

    1. Obrigado pela indicação. Acabei de comprar o livro digital.

  23. Ótima matéria! Quem sabe a próxima poderia ser sobre os "Agrotóxicos" para ver se a gente consegue saber o que são as ecomentiras e verdades sobre esse assunto tão importante.

    1. Hallo Hipócrita, Ecologia não é coisa da esquerda, muito ao contrário, e, claro, tb não é do fachismo da direita. Ecologia é de pessoas que ficam encima disso, que são do Equilibrio. Algo que os extremistas, tanto da esquerda, como da direita, dificilmente vão entender, pq tem visão só para o seu próprio umbigo, rsrsrs

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