DiogoMainardina ilha do desespero

Eu continuo aqui

13.12.19

Um ano atrás, publiquei aqui:

“Lula foi preso em abril. Oito meses depois, ele ainda está preso. Essa é a minha retrospectiva de 2018. Feliz Natal. Adeus.”

A retrospectiva de 2019 é menos radiante do que a do ano passado. Lula foi solto em novembro. Quase dois meses depois, ele ainda está solto. Mas isso pode mudar em 2020. Dependendo do STF e do Congresso Nacional, há a chance de que ele volte para a cadeia no ano que vem. Quem sabe acompanhado por Lulinha e por Luleco.

Na retrospectiva de 2018, publiquei também:

“Pessoalmente, foi um ano insuperável. O Antagonista teve sessenta milhões de leitores e um bilhão e setecentas mil páginas lidas. Em maio, fizemos também a Crusoé, com seus sessenta mil assinantes. Os petistas sempre me amolaram dizendo que, se Lula fosse preso, nosso site desapareceria. Lula foi preso e, depois disso, dobramos de tamanho. O pós-Lula foi fabuloso para nós – e será assim também para todos os brasileiros, exceto para os bandidos que serão presos junto com ele.”

Bem, eu errei. O ano insuperável de 2018 foi facilmente superado por 2019. O site, durante o bolsonarismo, dobrou de tamanho mais uma vez. Ninguém precisa de Lula. Seu lugar foi ocupado por Dias Toffoli e Gilmar Mendes.

No ano passado, prossegui a retrospectiva da seguinte maneira:

“Minha rotina de náufrago do colunismo melhorou enormemente depois do advento de Jair Bolsonaro, o selvagem que se converteu ao cristianismo e parou de comer carne humana. Ele rompeu a monotonia do lulismo, trazendo para cá novos temas, como o AI-5, o duque de Caxias, os quilombos e a catequese.”

Um ano depois, observo que os novos temas (o AI-5, o duque de Caxias, os quilombos e a catequese) voltaram à tona inúmeras vezes, envelhecendo insuportavelmente.

Encerrei a coluna de 2018 dizendo:

“A imprensa teve um ano ruim. Jornais e revistas – aqueles que sobreviveram – passaram a ser achincalhados pelos leitores. Eu apoio o achincalhe. É salutar. É democrático. Os jornalistas só podem se defender de um jeito: fazendo jornalismo. O novo governo vai fornecer material abundante. Eu estarei aqui. A Crusoé também. Volte sempre. Feliz Natal. Adeus.”

Eu continuo aqui. Você também. Que bom.

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