DiogoMainardina ilha do desespero
“A caixinha de fósforos do STF”
29.06.18O primeiro impulso é atear fogo ao STF. O sujeito, no entanto, corre o risco de ser preso. E ninguém quer ser preso por protestar contra a soltura de outros presos.
Há maneiras mais sensatas de lidar com o assunto. O mandato de dez anos para os ministros do Supremo, por exemplo, é uma delas, desde que valha para os atuais integrantes da Corte. O recall sugerido pelo senador José Medeiros também pode ser útil.
De todos os planos, porém, o mais entusiasmante é o impeachment de Gilmar Mendes, proposto por Modesto Carvalhosa.
Gilmar Mendes, segundo o Ipsos, é o homem mais detestado do Brasil, juntamente com seus parceiros Michel Temer e Aécio Neves. Ninguém espera que um ministro do STF seja aplaudido nas ruas, porque ele não é um tribuno do povo. Ao mesmo tempo, ele não pode ser visto como o garantidor da impunidade de um grupelho de criminosos que tomou de assalto os cofres públicos. Metade do Congresso Nacional foi flagrado no departamento de propinas da Odebrecht. Por mais que a Segunda Turma se empenhe, esse fato nunca vai caber em nenhuma gaveta.
Recentemente, a Lava Jato patrocinou oitenta projetos de lei que podem representar uma guinada na luta contra a bandidagem política. Os projetos não resolvem a questão do STF, mas eliminam a ambiguidade que faz a fortuna – literalmente – de determinados ministros. O pacote legislativo da Lava Jato tem de entrar para o debate eleitoral. Os candidatos precisam ser obrigados a se posicionar sobre o tema. É mais importante do que a reforma previdenciária ou do que a reforma trabalhista.
Não pode aparecer um sujeito com uma caixinha de fósforos e queimar tudo.
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