DiogoMainardina ilha do desespero

O STF nas ruas

22.11.19

Sim, as ruas. Elas funcionaram mais uma vez. Foram dois protestos contra o STF, um mais atrapalhado do que o outro. O primeiro foi marcado para um dia, depois remarcado para a semana seguinte. O segundo ocorreu uma semana depois do primeiro, em pleno feriado prolongado. Apesar disso, um monte de gente saiu para protestar, pedindo o impeachment de Dias Toffoli e de Gilmar Mendes, com discursos entusiasmados e tomatadas. Os manifestantes não conseguiram lotar as ruas. Mas mostraram que, unidos, podem lotá-la.

O resultado foi imediato. Dias Toffoli tremeu. E é bom que ele tenha tremido. Depois de esfrangalhar a Lava Jato, ele viu que, se desse um passo a mais, acabaria detonando o próprio STF. Ele já anulou uma penca de processos. Ele já blindou Flávio Bolsonaro. Ele já soltou Lula e seus comparsas. Agora só precisa – e precisa desesperadamente – das férias do Judiciário, para tentar esfriar a Avenida Paulista.

Gilmar Mendes, aparentemente, também recuou. Jornalistas que conversam com ele (eu só conversei uma vez, aqui em Veneza, e prometo que isso nunca mais vai se repetir) disseram que ele adiou para o ano que vem o julgamento destinado a anular o processo do tríplex. Ele deve ter entendido que, se a soltura do ex-presidiário Lula inflamou as ruas contra o STF, o engavetamento de seus processos teria o efeito de alastrar o fogo, destruindo tudo em seu caminho.

Por mais de um ano, a Crusoé publicou sozinha reportagens explosivas sobre o STF. O resto da imprensa mantinha-se calada. Agora, a barreira que protegia os ministros do Supremo ruiu, expondo-os a uma forma de escrutínio que eles desconheciam. O Congresso Nacional percebeu isso e resolveu desgrudar do Tribunal, fingindo interesse em votar a prisão em segunda instância.

As ruas já resgataram o Brasil em 2016. Se for preciso, elas vão resgatá-lo novamente, agora.

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