DiogoMainardina ilha do desespero

Anta morta e putrefata

15.11.19

Minha anta está morta. O STF tenta ressuscitá-la, mas ela está morta e putrefata. Se Celso de Mello se unir a Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, anulando o processo do tríplex, o cadáver putrefato de minha anta poderá até pensar numa candidatura a presidente ou vice-presidente, em 2022 — nesse caso, é o Brasil que vai se putrefazer.

A soltura de Lula já tornou o ambiente mais fétido. Os lulistas argumentam estupidamente que, a partir de agora, Jair Bolsonaro terá um opositor de verdade. Sim: um ex-presidiário. E os centristas lamentam estupidamente que, numa disputa polarizada entre bolsonaristas e lulistas, o candidato de centro tende a ser esmagado. Qual candidato? Qual centro? O centro não existe — e, pelo visto, nenhum eleitor sente falta dele.

O que existe é o Centrão. E o STF. Nos primeiros meses do ano, Dias Toffoli outorgou-se o papel de fiador da estabilidade institucional. Nesta semana, a Folha de S.Paulo mostrou que, além de ter aberto um inquérito ilegal e clandestino, que já resultou na censura da Crusoé, o presidente do Supremo obteve também acesso indiscriminado a dados financeiros sigilosos de 600 mil pessoas, mencionadas em relatórios do Coaf.

Os abusos do STF contra a Lava Jato, que culminaram com a soltura de Lula, representam o maior perigo para a democracia brasileira. Em vez de ser um elemento de coesão, o STF passou a ser um agente provocador. A sociedade vai acabar reagindo a essas arbitrariedades, como no caso do pedido de impeachment de Gilmar Mendes. O procurador Júlio Marcelo de Oliveira disse que “estamos vivendo há meses um estado de exceção comandado por quem tinha o dever de proteger os direitos e garantias individuais dos cidadãos”. Ele tem razão. O Brasil está polarizado: contra o STF.

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