DiogoMainardina ilha do desespero

Soldado Diogo

18.10.19

É provável que eu tenha inspirado um golpe militar. De agora em diante, pode me chamar de soldado Diogo. Ou de cabo Diogo.

Na segunda-feira, num podcast para O Antagonista+, comparei o Brasil ao Peru, dizendo que, se algum bandoleiro fechasse o STF e o Congresso Nacional, contaria com o apoio de 79% do povo, como o presidente peruano.

Lá, assim como cá, alguns ministros do Supremo, em parceria com os parlamentares, resolveram abafar os inquéritos sobre a propina da Odebrecht. No caso brasileiro, a manobra é ainda mais flagrante, porque implica a soltura do chefe do esquema criminoso, Lula. Eu avisei no podcast: o golpe contra a Lava Jato vai minar as bases da democracia, e o resultado pode ser um calamitoso contragolpe.

Os bolsonaristas – assustadoramente – concordaram comigo. É a primeira vez que isso ocorre, desde o ano passado. Em seguida, o general Eduardo Villas Bôas, que já barrou uma tentativa de reinstalar o chefe do esquema criminoso no Palácio do Planalto, saiu do hospital e alertou:

“Experimentamos um novo período em que as instituições vêm fazendo grande esforço para combater a corrupção e a impunidade, o que nos trouxe — gente brasileira — de volta a autoestima e a confiança. É preciso manter a energia que nos move em direção à paz social, sob pena de que o povo brasileiro venha a cair outra vez no desalento e na eventual convulsão social.”

O STF, por meio de seus porta-vozes na imprensa, respondeu que vai ignorar o alerta, e soltar Lula de qualquer maneira. E, depois de soltá-lo pela primeira vez, vai soltá-lo pela segunda vez, e pela terceira vez, e pela quarta vez. A fim de impedir que, no futuro, ele tenha de responder por seus crimes e voltar para a cadeia.

Não, não há tanques nas ruas. E nem haverá. Mas o desalento provocado pelo golpe contra a Lava Jato vai estimular as piores respostas, tanto de um lado quanto do outro. Os brasileiros – em 2013, 2014, 2016 e 2018 – aprenderam a erguer suas barricadas. Agora é preciso evitar que “o povo brasileiro venha a cair na convulsão social”.

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