MarioSabino

Não esquecer, não compreender

02.08.19

Primo Levi poderia ter sido candidato ao Nobel de Química, mas o horror por que passou no complexo de campos de trabalho forçado e extermínio de Auschwitz, na Polônia ocupada pelos nazistas, transformou-o num dos maiores escritores italianos de todos os tempos. No último dia 31, comemorou-se o centenário do seu nascimento. Certamente não estaremos vivos na comemoração do centenário da sua morte, em 2087, se é que ainda se lembrarão dele ou do que foi Auschwitz.

A experiência de Primo Levi em Auschwitz está em Se questo è un uomo, cuja epígrafe ficou famosa: 

Vocês que vivem seguros

Nas suas casas aquecidas,

Vocês que encontram à noite

A comida quente e rostos amigos:

     Considerem se este é um homem

     Que trabalha na lama

     Que não conhece paz

     Que luta por meio pão

     Que morre por um sim ou por um não.

     Considerem se esta é uma mulher,

     Sem cabelos e sem nome

     Sem mais força para lembrar

     Vazios os olhos e frio o ventre

     Como uma rã no inverno.

Meditem nisto que aconteceu:

Ordeno-lhes estas palavras.

Esculpem-nas no seu coração

Estando em casa andando pela rua,

Deitando-se levantando-se;

Repitam-nas aos seus filhos.

            Ou que desmorone a sua casa,

            A doença os impeça,

            Os seus rebentos lhes virem a cara. 

Trata-se de uma advertência (alguns definiriam maldição em chave bíblico-poética) para que não se esqueça o que ocorreu nos campos de concentração nazistas. Já em 1946, quando escreveu o livro, Primo Levi anteviu que o horror poderia ser cancelado da memória, não importam os testemunhos, os registros, os livros e os filmes. O negacionismo do Holocausto só faz confirmar o seu receio. É uma tendência da química da espécie.

O livro de Primo Levi é um primor porque a narrativa é seca. Mostra a tragédia sem rancor, pieguice ou complacência para quem a sofreu na carne. Todos são demasiado humanos — e, como diz ele, “todos descobrem, cedo ou tarde nas suas vidas, que a felicidade perfeita não é realizável, mas poucos se detêm sobre a consideração oposta: que assim o é também uma infelicidade perfeita”. O que não significa igualar carrascos e vítimas. Na edição que li, há um apêndice, de 1976, em que Primo Levi dá respostas às perguntas mais comuns que lhe foram feitas por estudantes e leitores adultos desde o lançamento de Se questo è un uomo. Uma delas é justamente sobre o fato de não haver ódio nem desejo de vingança no livro. Primo Levi diz provar a tentação do ódio, inclusive com certa violência, mas afirma: “Não sou um fascista, creio na razão e na discussão como supremos instrumentos de progresso, e por isso ao ódio anteponho a justiça. Justamente por esse motivo, ao escrever este livro, assumi deliberadamente a linguagem pacata e sóbria da testemunha, não a lamentadora da vítima nem a raivosa do vingador: pensava que a minha palavra seria tão mais crível e útil quanto mais parecesse objetiva e menos soasse apaixonada; só assim a testemunha em juízo cumpre a sua função, que é a de preparar o terreno para o juiz. O juiz são vocês”.

Em outra resposta sobre como explicar o ódio fanático dos nazistas contra os judeus, Primo Levi recorre a injunções históricas, mas diz que não se deve compreender, porque compreender é quase justificar. “‘Compreender’ uma proposição ou um comportamento humano significa (também etimologicamente) contê-lo, conter o seu autor, colocar-se  no seu lugar, identificar-se com ele. Ora, nenhum homem normal poderá nunca identificar-se com Hitler, Himmler, Goebbels, Eichmann e tantos outros. Isso nos angustia e também nos traz alívio: porque talvez seja desejável que as palavras deles (e também, infelizmente, os seus atos) não nos sejam compreensíveis”.

Já que continuamos prisioneiros em1964, recorro a Primo Levi para fazer uma proposta aos que revivem o terrorismo de organizações de esquerda, durante o regime militar, e o terrorismo de Estado, que torturou e assassinou os integrantes delas: não tentemos compreender uns e outros. Compreender está perigosamente perto de justificar — e terrorismo nenhum é justificável. O terror é o horror individualizado. Não esqueçamos nada, mas não compreendamos nada. Qualquer que seja o lado, usemos a linguagem pacata e sóbria da testemunha. Ou a nossa casa desmoronará, a doença nos impedirá e os nossos rebentos nos virarão a cara. Leiam Primo Levi.

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  1. Parabéns Sabino! Primo Levi e Hannah Arendt souberem ver e narrar pelas lentes da serenidade as coisas horrendas do nazismo e do totalitarismo. Neste mundo em mutação, as corporações de ofício, os sindicatos ( patrões e operários) e a maçonaria tomaram conta do Estado e se apropriaram das agências reguladoras, com a conivência da classe empresarial. É o fim e a destruição da figura do Estado. Assim, também é o Judiciário e os Ministérios públicos dos Estados ( um valhacouto de pelegos).

  2. Já li e reli toda a obra de Levi, mas sou pessimista. No centenário de sua morte, como vc bem disse, creio q ninguém se lembrará do Holocausto .

  3. Excelente! sou, talvez me liberte de fatos atrozes da década de 1960, no interior do Paraná, onde núcleos de comunista aterrorizavam agricultores...

  4. Não sei mais como enaltecer os seus textos! Mario Sabino, além de nos fazer refletir, seus textos têm sempre, uma perfeita ilustração cultural. Obrigada e parabéns, parabéns, parabéns!!!!

  5. Sensacional sempre que leio suas matérias Mário vc sempre me acrescenta mais conhecimento, principalmente com o meu eu!! obrigado por dividir comigo suas sábias palavras e ponderações.

  6. Infelizmente, nunca li Primo Levi - já vi demais sobre a Shoá. Porém, caro Mario, vc acaba de estimular a fazê-lo: ele e eu pensamos exatamente o mesmo, especialmente quanto à descrição de atrocidades. A verdade, os fatos são sempre mais interessantes e falam mais vigorosamente.

  7. Todos, que como eu, admiram a coluna semanal de Mário Sabino, e até mesmo o próprio Mário, jornalista que invejo por ter o dom de utilizar tão bem as palavras, ficariam satisfeitos com o discurso de 02/08/19 de Janaína Paschoal, na ALESP, onde sobra a sobriedade tão necessária hoje nos “ tempos” que vivemos.

  8. Conclusão extremamente lúcida apoiada em Primo Levi ... que bom seria se todas as partes adotassem essa atitude .. testemunhas de um período negro da nossa história . Sem compreensões , justificativas e paixões .. apenas vigilância

  9. Muito pontual Mário, apreciável.Devemos observar que o vicío pela polarização - neste caso em especial, de opressores e oprimidos de 1964, não imprime respeito à história. Como em qualquer polarização, o diálogo inexiste e só há a grita, a adjetivação que desqualifica e , infelizmente, produzem a violência que banaliza e deturpa tristes momentos de nossa história.

  10. Nossa história não nos deu um Hitler, um Stalin, um Mao. Tivemos Vargas, Costa e Silva e Médici, tempos difíceis, sim! - mas nada que se comparasse ao legado dos citados anteriormente. Temos um Lula, que nos destruiu economicamente. Por que não nos atemos ao presente, para tentar encontrar uma saída e construirmos um promissor futuro? A Alemanha e a China conseguiram!

  11. Primo Levi, Sabino. Mainardi, Henkel, Moura e tantos outros que nos deixam comentar suas “obras”, tds entendemos e compreendemos, só que os homens das cavernas tinham a ambição apenas de viver cada dia sem saber se teriam o amanhã.No caminho, o conhecimento nos fez “indivíduos individuais” e o somos até ... qdo sequestraram a palavra da Cruso’e (os togados), a indignação os fez reagir ... foi bom/justa a reação ??? Assim somos nós...

  12. Estupenda aplicação da lição deixads por Primo Levi às tentativas de negar, justificar ou compreender a página sombria do terrorismo e da tortura.

  13. Perfeito. Não procuremos compreender terroristas e torturas, para não querermos justifica-los. Porque são adjetos, tanto cometidos por um lado ou por outro.

  14. Também acho que terrorismo nenhum é justificável. Houve excessos por parte de agentes estatais, sim. O que é lamentvel. Mas não nos iludamos pensando que se poderia combater inimigos perigosos sem o uso da força. Há que ser compassivo sem abandonar a razão. Vocês já se perguntaram quantas vidas foram salvas com a derrota dos militantes da ditadura do proletariado?

  15. Eu não sou judia, mas eles estão certos de alertar seus filhos, do que foi o holocausto, como nótambém devíamos ensinar a nossos filhos o que foi o Comunismo ! Só para ficarem alertas!

  16. Até quando vamos viver a influência maligna do Lula e dos partidos de esquerda? Sei que muitos poucos acreditam em Deus atualmente, mas tenho orado pela intervenção Divina porque não vejo saída para nos livrar-nos dessa influência maléfica.

  17. Parabéns Mario, este seu texto acompanhado do livro do Primo Levi, deveria ser lido pela Miriam Leitão, Felipe Santa Cruz, Bolsonaro e outros, além de eliminar esta comissão da verdade.

  18. Muito bom o artigo. Perfeito para refletir num dia frio. Nada de entender psicopatas. Reconhecê-los e evitá-los evitando uma tragédia maior.

  19. Mário Sabino, você, sempre brilhante, fez a escolha perfeita para escrever seu artigo. Nesses tempos em que voamos numa montanha russa, garimpar, por um pouco de paz, nos escritos de Primo Levi um jeito possível de não compreender, não justificar: simplesmente viver...

  20. Muito bem colocado, ambos extremos são nojentos, mas a esquerda, só a esquerda, conseguiu retribuir os seus com bolsa ditadura. Não tenho notícias de alguma vítima das ações da esquerda que haja ou que tenha recebido bolsa alguma. "Democracia é quando eu mando em você, Ditadura é quando você manda em mim"

    1. Concordo Jorge. A mídia livre e isenta principalmente sem participação partidária.

  21. Era isso que eu queria dizer,mas não tenho nem tive a capacidade de verbalizar nem escrever. Obrigado por dizer e escrever por mim.

  22. O melhor texto do Mário Sabino desde que a Crusoé existe , publicação que eu assinei desde a primeira edição, com a certeza de que não me arrependeria.

    1. Anna, minha xará, coincidentemente, tive o mesmo sentimento que o seu ao ler este artigo. Preciso ler mais vezes ....

  23. "em casa de enforcado, ainda só se fala em corda". Bolsonaro é um personagem q se construiu politicamente defendendo o passado. Não consegue olhar um centímetro a frente. E diz com orgulho q não vai mudar. Nos ajudou a derrotar Lula. 2022 mandaremos Bolsonaro para o passado, q tanto gosta.

  24. Aguçou-me a curiosidade. Vou lê-lo muito. Entendê-lo no que for possível e compreendê-lo sempre que puder. Vou buscar conhecer Primo Levi.

  25. Danadinho aproveitou bem as férias com o que há de melhor : ler. Também vou procurar o Primo Levi quem sabe possa aprender a ser menos hostil com a nossa tal esquerda democrática. Obrigada.

  26. sempre digo não dá para compreender e o mínimo que se pede ao menos se indignar como qualquer tipo de violência que um ser humano possa fazer para outro

  27. Vivemos tempos estranhos. Temos muito acesso a informação, mas pouco acesso aos fatos. Contra fatos não há argumentos. Viva ao primo Levi!

  28. Notável capacidade de se superar a cada texto produzido, encantando e instigando seus leitores e admiradores definitivamente.

  29. Ler você às sextas pela manhã antes do trabalho é um deleite e minuto de reflexão. Cada semana superando a anterior. Vale cada real da assinatura.

  30. Vingança é a ato de desfazer magicamente o que foi feito realisticamente. O que motiva as convicções do indivíduo para exercê-la, especialmente nos casos que envolvem crenças, ideologias ou fé merece sim ser compreendido para poder justificar o porquê de “conhece-lo”. Poucos compreendem o que foi o nazismo (injustamente mascarado pelo “Arbeiterpartei” - Partido dos Trabalhadores, em alemão) e por isto não sabem do horror inominável, insuspeitável, oculto na escuridão da ignorância.

    1. Não é o indivíduo vingativo ou ultor que deve ser compreendido, é verdade, mas os motivos que o impeliram à prática da “magia”, ou estaremos fadados a repeti-los. Por enquanto só a Inquisição é conhecida, mas alguns arremedos ainda ocorrem em “explosões” localizadas.

  31. Dá vontade de pagar a a assinatura em dobro quando leio seus artigos. Como jornalista que fui - às vezes ainda sou - digo por aí que Crusoé e Antagonista fazem hoje o melhor jornalismo do Brasil.

  32. Quanto à 1964, eu discordo de ti, Mario. Os militares são treinados para a guerra, e uma guerra havia sido declarada contra o Brasil e a democracia: eles fizeram o que deviam fazer.

    1. Como se tem vastos exemplos nos campos de batalha existem militares que atuam com honrra e há os que cometem atrocidades. Estas nunca, em nenhum contexto podem ser "compreendidas", muito menos aceitas.

  33. Excelente! Pena que o apego a 1964 serve como discurso de vitimização da esquerda e faltou ao Brasil passar a história a limpo, esclarecer as verdades para podermos seguir em frente.

  34. Excelente texto, como sempre. um chamado à dignidade, ética e razão . Gostaria que o liberasse para copiarmos e postarmos em redes sociais.

    1. Liberem! mesmo os que não podem pagar merecem a reflexão que o texto nos leva

  35. Eu te compreendo. E não quero compreender Hitler, Lula, Greenwald, Toffoli, José Dirceu, Calheiros, Gilmar, Aécio, Maia, Alcolumbre, Dodge, Moraes, FSP, Globo, Veja, OAB, Haddad, Manuela, Pimenta, Gleisi, Cabral, FHC, PT, Psol, Lewandovski, Sarney, Collor, Dilma, Odebrecht, OAS, Itaipava, JBS, ...

    1. Saúdo, faltam muitos em sua relação. Eu te compreendo...

  36. Mario Sabino, excelente analogia da era nazista versus ao nosso passado digamos nada democrático para dizer o mínimo. já está mais do que na hora de parar de escarafunchar nesta lama e olhar pra frente para o progresso e bem deste pais, para o bem de nossos filhos e netos....parem com este mimimi e vamos em frente.

  37. Começou o mimimi porque o Mito (finalmente!) reagiu às mentiras e provocações. Agora querem a concórdia? Agora querem o esquecimento? Comunista bom é comunista morto. Ontem e hoje.

  38. Excelente texto. Não conheço a obra de Primo Levi. mas já gostei do que voce apresentou. Parabens pelo seu artigo e espero que muitos reflitam sobre seu conteudo.

  39. Existem dois medos fundamentais da existência humana. O medo de morrer, e o medo de matar. Esses medos é o que determina os níveis de civilidade. Quando perdemos qualquer um deles, nos tornamos bárbaros. E são eles misturados a nós, que se degladiam. Eu quero que eles se matem.

  40. Em 69, casei com um Oficial Av. da Força Aérea. Ele foi designado para participar de inquéritos do SISA, serv. de info da Aer. Só me disse pq exigi explicações sobre suas misteriosas ausências. Contou-me q tomavam depoimentos de presos políticos usando tortura psicológica, nunca física. Eu lhe disse, ‘ ou vc larga isso ou eu lhe largo’. Tive amigos e parentes torturados; outros participaram luta armada. Um desapareceu. A meu ver, terrorismo e qquer tipo de tortura são igualmente abomináveis

  41. Recomendo que leiam Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês: "A natureza humana é essencialmente competitiva e egoísta", e "O homem é o lobo do homem".

  42. Texto brilhante! Repleto de ponderações as quais deveríamos acatar. O ódio e a ira são sentimentos que sempre nos levam a insensatez.

  43. Não, Sabino. Não somos prisioneiros de 1964, mas das hagiografias fajutas dos monstros daquela época, em maior profusão os de esquerda. Enquanto não descararmos a impostura da "Começão" da Verdade, tipos como o Felipe Santos Cruz continuarão a extorquir pedágio financeiro e ideológico dos advogados, das faculdades de Direito, das instâncias judiciais e, no conjunto da obra, de todos os brasileiros. Varrer 1964 pra debaixo do tapete é exatamente do que essa turma precisa pra continuar na engorda.

  44. Lamento, Sabino. O Holocausto não pode ser esquecido e muito menos perdoado. Suponho que Levi estivesse anestesiado pela dor (tamanho o horror) ao escrever. O Holocausto deve ser vingado sim. Quanto a 1964, os terroristas sobreviventes retornaram, e veja o que estão fazendo ao país (desde há décadas já). A "Banalidade do Mal" (Hannah Arendt) não pode ser admitida. Ferro e Fogo contra todo o Terror, sempre.

    1. Vingado?Se for pra vingar, por que nao vingar o Stalinismo? O Maoismo? O Khmer Rouge? Vingança geralmente vira um jogo sem fim, pois pra cada ação, vai ter uma retaliação.

  45. A chacina de um povo, vítima, não pode se igualar à luta contra a guerrilha comunista que tivemos no Brasil. Não éramos profetas em 64 para prever qual seria o futuro de um Brasil comunista, mas os fatos hoje mostram que o Estado lutou contra pessoas propositalmente corruptas e más, no pior sentido da palavra. Fosse o número 400 ou 1 eu não ficaria feliz, porque a vida é preciosa, mas já que começaram o trabalho, deveriam tê-lo terminado. Seríamos felizes sem a divisão de um povo.

  46. Nos anos 40, meu pai foi filiado ao Partidão. Chegou a Secretário do PCB-CE; ao descobrir suas intenções escusas, rompeu com o partido e publicou suas denúncias no jornal. Abandonou a política, mas manteve suas convicções socialistas. No regime militar, várias vezes foi convocado a depor. Não chegou a ser preso, mas foi perseguido político e teve sua carreira profissional destruída. Entrou em depressão profunda, da qual nunca se recuperou.

  47. Brilhante sempre! Cada leitura que faço dos textos de Mário Sabino, me conduzem a admiração! Primo Levi é realmente uma leitura obrigatória e sempre atual! Parabéns Mário.

  48. Belo comentário e oportuna lembrança de Primo Levi. Parabéns. É por um artigo como este que justifica a assinatura que fiz na revista.

  49. você está glamourizando o que é simplesmente uma safadeza. Esquerdista quer dinheiro. Na verdade, comparar campos de concentração com a regime militar é uma apelação. Cara, você força demais para parecer erudito e o resultado fica pretensioso e irrelevante.

    1. Isso mesmo! nenhuma ditadura é boa, mas o número de mortos dá uma ideia de qual é pior.

  50. alguma semelhanca no texto do Primo Levi ? Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. Deuteronômio 6:4-8

    1. Não vejo semelhança pois o livro divino é muito superior ao humano.

  51. Perfeito! Detesto ditadura, sejam elas de direita ou esquerda. Incensar regimes de exceção não contribui em nada para o avanço civilizatório do Brasil.

  52. A esquerda raivosa e a direita destrambelhada não querem enterrar seus mortos. Vivem abraçados a eles, e ruminam vinganças. A anistia é interpretada e reinterpreta dependendo do momento e situação política dos contendores. A continuar este drama, será um ritornelo sem fim. São rodas travadas, que impedem o carro chamado Brasil de avançar.

    1. Carla. Não se trata de esquecer ou não. Trata-se, isto sim, de compreender que o Brasil espera e precisa de novos rumos: Reformas, combate à corrupção etc etc., que são os pontos positivos do governo Bolsonaro. Ficar nesta querela, lero-lero, só alimenta a oposição inútil da esquerdalha, que não tem como justificar a corrupção na qual se afundou, nem argumentos para contraditar validamente as reformas. E JB e sua trupe dá mais importância ao revanchismo que ao programa de reerguimento do país.

    2. Alguém já disse, parece que foi um papa: “a História nos ensina que com ela nada se aprende”,

    3. meus caros, o que acontece é que a história não pode ser esquecida sob pena de ser repetido o erro! E a história é facilmente esquecida. Jovens de hoje não sabem nem quem foi Mao TSE Tung, Lênin, Stalin, etc. Isso é muito perigoso, pq o horror se repete, sim!

    4. Gostei do texto e adorei este comentário. Que cansaço dessa lamentação sem fim e da disputa pela razão! É hora de assimilar o passado, amadurecer e entender que precisamos seguir adiante, com novos conceitos e novas roupagens.

  53. Os lobos investigaram e condenaram os cordeiros. Os terroristas investigaram se eles, terroristas, praticaram terrorismo e eles mesmos os inocentaram e culparam os inocentes que mantinham a ordem. Tem que ser revisto, tudo, com seriedade e isenção.

  54. Não devemos negar o genocídio judeu, cigano, homossexual nazista, é isso mesmo, não foram só judeus que foram massacrados nesse período, mas o que me incomoda é o exlusivismo que se dá a essa tragédia em detrimento de outras, contemporâneas, e até maiores: genocídio de Stalin, de Mao Tse Tung, Pol Por etc....Vamos nos lembrar de todos

    1. O ódio e a busca do poder absoluto para aplacar este ódio e fazer sofrer os outros é uma praga que atinge todos os lados, todos os níveis, sem exceção e sem exceção deve ser denunciado e combatido, mas com outras armas

  55. Mario, grata por matar uma duvida minha que nunca consegui por em palavras! O real sentido de "compreender" que voce expôs foi primoroso!

  56. Fantástico! excepcional! No decorrer da semana, com notícias ruins de corruptos e imbecis, nos desesperando e aflingindo, encontramos a palavra de conforto em sua coluna. A sua inteligência e sensatez nos fazem andar sobre essa lama, confiantes de que ainda há ilhas de civilidade no Brasil.

  57. Mario Sabino e Primo Levi acabam de me instigar a ampliar meu conceito da expressão “compreender o outro” e relacioná-la com responsabilidade e não com puro romantismo. Texto excelente por ser instigante.

  58. Que texto maduro. Li também Primo Levi. Sobre a história recente tenho adotado o conceito do pêndulo. Quando oscila forte a uma banda, efeito similar ocorre no outro lado até que k equilíbrio se estabeleça. Por isto não participo de discussões ao calor do momento. Agora, lendo aqui, percebo que o melhor mesmo é assumir a linguagem pacata da testemunha.

    1. Na Amazon: “If This is a Man”. Há todos os livros dele em inglês. Há tb uma edição para Kindle da obra completa : “Complete Works of Primo Levi”

  59. Vou comprar. Vou ler. Espero ter inteligência e coração aberto. Eu não me contenho quando ouço ataques do "lado de lá" e fico justificando o "lado de cá", sem convicção. Não o farei mais. Tenho seis filhos e seis netos e não quero que meus rebentos me virem a cara, que minha casa desmorone.

  60. Ele plagiou parte do Livro de Deuteronômio, " onde se fala em ensinar seus filhos, deitando e se levantando, assentado a mesa, andando pelo caminho ". Mas em nada tira seus valores e méritos.

  61. Ótimo assunto mas não pra esta semana com os ataques contra a Lava Jato pelo STF. O publisher Sabino deveria estar descendo o cacete no Careca e no Beiçola, por enquanto.

  62. A parte final da citação de Levi emula um dos trechos mais famosos da Torá, que está em Deuteronômio 6, a partir do verso 6: "Guarde sempre no coração as palavras que hoje eu lhe dou. Repita-as com frequência aos seus filhos. Converse a respeito delas quando estiver em casa e quando estiver caminhando, quando se deitar e quando levantar." De fato, era uma advertência solene para não esquecer da opressão no Egito e da Mão que os libertou. Infelizmente o povo esqueceu bem rápido!

  63. Como não compreender : 1. 60 mil assassinatos/ano; 2. 13 milhões de desempregados; 3. 50 milhões de pessoas vegetando abaixo da linha de pobreza; 4. O maior assalto da história do País ao Erário e,portanto,às burras do povo,promovido pelo estamento burocrático do Estado, eleito ou não. 5. O aparelhamento ideológico de matriz comunista das instituições públicas, - máxime o STF e as Universidades-, das empreiteiras nacionais, e da grande mídia nacional; Sem compreensão, não há reação ! Basta !

    1. Tem gente que lê um texto e não consegue entender nada. Geralmente eles são Bozistas. Deus tenha piedade dos Bozistas e dos petistas. Eles não sabem o que fazem!

  64. Mario, seu texto foi tao perfeito quanto incomodo. É tao raro nesse mundo que transborda de noticias uma analise absolutamente lucida com um resgate da melhor tradicao editorialista. Orgulho de ser assinate da Crusoé.

  65. Isso me fez lembrar de dois amigos de meu pai que frequentavam nossa casa nas décadas de 70/80. Sr. Zoltan era húngaro e foragido do regime soviético, tinha 2,15 de altura e se abaixava par andar pelas portas de casa. Sua serenidade era inexplicável. O outro era Gil, um policial civil que contava histórias policiais aterrorizantes vividas por ele. Minhas experiências de infância, fosse brincando com os filhos do policial justiceiro ou no abraço do gigante húngaro, me deram certo pragmatismo.

  66. Sobretudo não esqueçamos o que Primo Levi chamou de zona cinza, a infernal cumplicidade entre vítimas e algozes Ótimo artigo

    1. Boa pergunta! Eu suspeito que ele está submerso nas mensagens roubadoas pelos hackers! 😬

  67. É muito bom acordar cedo todas as sextas-feiras, pegar uma caneca de café e parar para apreciar os seus textos. O se hj está especialmente incrível! Obrigada!

  68. Primo Primo Primo. Primo Levi, Primo Sabino, obrigado primo. Que bem fazem à alma palavras tão generosas palavras tão gentis palavras que sobrepõem o instinto de vida ao instinto de morte. Obrigado, obrigado. São 5:50 e estou em paz.

  69. Excelente artigo! Nada justifica o tão baixo nível a que chegamos entre 1968 e, mais ou menos, 1976. E ao qual alguns, de um lado e do outro, tentam, novamente, nos rebaixar.

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